Narciso sádico

Não é por ressaltares meu narcisismo, uma de minhas qualidades, que serei menos ímpio contigo. Afogo-me no espelho d'água da tua incapacidade, alimentando os pecados que cultivo: minha vaidade e meu orgulho de ser o teu reflexo invertido. O prazer de ser quem sou embala meu sadismo. Como o felino se regozija com roedores e insetos que não pretende matar, mas tortura por diversão, brinco com a tua (in)existência. E antes de optares por me ignorar, reflitas: se por um lado, não por gentileza, cedes assim a figura do trofeu em minha estante, passando recibo de tua incapacidade, por outro embaças meu espelho. A morte da presa é o fim da diversão.