Afeto e solidão.
Por carlos Sena 



Os afetos estão escassos. As relações andam assim meio capengas. É o medo da solidão que tem levado muitos a não romper o status quo das relações claudicantes. Conviver com outrem numa proposta de vida a dois tem que ser bom para ambos. "Bom para ambos" não significa abrir mão de valores individuais, mas tratá-los de uma maneira que ambos se beneficiem dessas diferenças. Quando isso não é possível geralmente os entes vivem em permanente conflito. É quando entra em "cena" a cama: há pessoas que seguram a onda por conta da cama. Sexo é bom, mas nesses casos, geralmente um dos parceiros vai se tornando refém daquele que é melhor de "cama" do que de afeto. Porque viver sem afeto é como comer doce e não beber água. Como "morrer de sede em frente ao mar". 
O afeto, no nosso entender é o gerador do companheirismo. Pode ser até que o amor na modalidade "clássica" nem seja tão cheio de arroubos. Mas, havendo afeto e respeito, qualquer nesguinha de amor poderá se transformar num grande amor. 
Os amores, por serem intersubjetivos em seus conceitos, permitem-nos a essas compreensões. Por isso que não se pode conceber alguém deixar de estar bem, embora sozinho, para se manter em companhia de uma pessoa que só é boa de cama. Quando há filhos na jogada, também há aqueles que não se refazem numa relação prazeirosa com outra pessoa por conta deles. Porque sendo prático, repito, não se deve conviver com ninguém por ser "bom de cama" nem por conta além disso, dos filhos. Claro que cada um sabe onde o sapato lhe aperta. Só que viver assim, sem afeto nem companheirismo, é coisa para sádicos. Mas há quem goste e devemos respeitar, pois cada um sabe "a dor e a delícia de ser o que é"....