A CARTA DO ABC
Nada tenho contra os avanços na técnica e na Educação. Acho que tudo aquilo que veio para mmelhorar é positivo.
No entanto, hermanos, discordo radicalmente das injustiças que são perpetradas contra as práticas e métodos salutares que tanto bem fizeram a várias gerações. A mim me incomoda, por exemplo, a bobalhada de várias medidas tomadas no campo da Educação, sobretudo no que tange à alfabetização de crianças, e que apenas confundem e arapalham, são muito menos práticas e objetivas do que as do passado.
Não vou discutir essas inovações. Quero apenas - e este é o objetivo desta maltraçada- recordas um livreto (ele parecia com um folheto de cordel) que foi o instrumento principal da iniciação nas letras de todos nós, os mais adentrados nos anos.
Refiro-me à famosa Carta do ABC de Laudelino Rocha. Lembram-se dela? Se não me engano, tinha na capa uma menina sentada à uma mesa lendo um livreto. Lembro-me que a gente começava a soletrar na carta da seguinte forma: bê-á-bá, bê-é-bé, bê-i-bi, bê-ó-bó e b^-u-bu. E havia letras de forma e manuscritas. Aprendíamos com certa facilidade até porque o ensinamento da carta passava de pai para filho, não havia essas mudanças modernas que tanto prejudicam o ensino. Na última página da carta, a gente já sabendo lwer mais ou menos, havia várias sentenças, frases e provérbios cuja finalidade era aconselhar a gurizada. Alguns deles:
"A preguiça é a chave da pobreza!".
"O que não ouve conselhos raras vezes acerta!"
"O amor a Deus é o princípio de toda sabedoria!"
"Sem religião não há justiça e sem justioça não há liberdade!"
"A Religião tem como pedestal a humanidade!"
"Vale mais adormecer sem ceia do que acordar com dívidas!"
"A instrução é o adorno do rico e a riqueza do pobre!"
"É vergonhoso dizer que não é decente fazer!".
"A perseverança vence todas as dificuldades!"
E a mais bonita, por sinal a que me fez ficar definitivamente esquerdista:
"A fome dá ao pobre o direito sagrado de importunar o rico!".
Quanta saudade, hermanos, tenho dos meus tempos da Carta do ABC. Hoje, passado tanto tempo, de vez em quando nas minhas divagações começo a soletrar como naquele twempo e a rememorar as frases finais da carta, um livro que comparo aos mais importantes compendios de todos os tempos porque foi ele que nos deu condições de ler todos os outros. Depois da Carta de ABC vinha a Cartilha do Povo. Era a complementação. Viva a Carta de ABC. E priu.