CAINDO AOS PEDAÇOS, SETE ANOS SEM MÉDICOS



 
     Há sete anos não tenho ido a médicos, ainda que esteja caindo aos pedaços. Como se fosse alguém que morasse no meio do mato, longe de qualquer civilização.
     Para não dizer que não tenha ido, nesses anos, a médico nenhum, fui a psiquiatra, mas, o antidepressivo que ele me deu e que tomei durante um tempo piorou-me ainda mais a condição psicológica. Parei de tomar o remédio e não procurei mais psiquiatras.
     Sei que o que tenho feito comigo é uma espécie de suicídio lento, dia após dia, derivado de ausência quase total de razões para viver. Alguém, com toda  certeza, perguntará: E tua mãe? Pois é, há minha mãe. O que tenho de vida, ainda, tem sido dedicado a ela e só a ela, que é o vinho e eu, a água. Pois é... 
     O médico principal da minha mãe disse para ela voltar a ele só daqui a seis meses. Ela, com 90 anos, tem níveis perfeitos de colesterol, não tem diabetes, enxerga bem melhor do que eu, tem boa memória, é perfeitamente lúcida; tem problemas ósseos e surdez e teve um problema de circulação que foi sanado. Tenho cuidado dela direito.
     Agora, a prima minha chamada Márcia,que é quem leva minha mãe aos médicos (eu não tenho mobilidade física suficiente para levá-la, sem riscos para as duas) me encostou contra a parede e disse que agora é minha vez, nem que seja amarrada. E lá vamos nós, amanhã, após sete anos, a uma geriatra, a primeira médica de uma junta, eu sei. Tomara que seja a tempo de melhorar mesmo alguma coisa. Afinal, preciso continuar funcionando do jeito possível; preciso mesmo.    



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Minha prima acaba de me ligar, não está passando muito bem. Nada grave, graças a Deus, mas, precisa repousar. Então, minha "volta triunfal" aos médicos terá que ser adiada.