ASSADO DE CRIANCINHAS
Só os que passaram pela experiência sabem o que foi ser filho de comunista numa cidadezinha do interior pernambucano nos anos 50. O adolescente sofria mais que suvaco de aleijado e de que bode embarcado. Ou pitomba na boca de jegue.
Quem fazia a maior pressão e mais pichava os comunistas e seus familares era a Igreja Católica. Lembro que na porta da igreja matriz havia um grande cartaz que retratava um soldado com uma bota enorme pisando um pobre camponês, e a inscrição: "ISTO É O COMUNISMO!". Mais: instruídas por alguns padres, beats e beatas espalhavam que os comunistas comiam criancinhas, as mais frnéticas e excitadas falavam em assado de criancinhas. Era uma campanha dura, sitemática e odienta.
Mas o tempo passa, e como disse São Paulo, é o senhor da razão. Digo isso porque hoje não se fala mais que comunista come criancinhas, assado de criancinhas. O jogo virou, agora, o papa já pediu várias vezes desculpas e perdão pelos abusos sexuais perpretados por religiosos contra crianças e adolescentes. Na verdade quem comia criancinhas, não no sentido gastrnômico, mas sexual eram alfguns padres, inclusive naquela época fascista. Nada como um dia atrás do outro. Ficou daquele tempo apenas a recordação das perseguições da Igreja Católica conservadora e fascista.