Vida Salgada
Às vezes é necessário um outro para confrontar seu ego hiperprotegido e tirar de você, em poucas palavras ou imagens, seu super poder. Ou até mesmo, fazê-lo visitar sua essência - salgada e desumana por excelência.
Sentado na cadeira da sala de aula observo Lorena, um misto de garota nerd e delicada, altamente sensível ao outro, mas um pavio curto. Nos achegamos um pouco no decorrer do curso e até caminhadas praticamos juntos. Ela uma dermatofuncional, eu um poeta em busca do que eu realmente sou.
Ao narrar um desapontamento ela tirou de letra: "não espere demais dos outros"; "Quando alguém não compreender seu ponto de vista, tenha pena, talvez ele realmente não consegue acompanhar seu raciocínio". Pronto. A fala simples, certeira dela foi um sal no meu suco de laranja. Remoeu minhas certezas. Destemperou meu ego até então temperado ao ponto.
Minha tendência? Discordar e continuar discorrendo que é preciso sensibilizar-se com a história do outro. É quase necessário sacudir o intelocutor para que o mesmo compreenda que as histórias das pessoas não podem ser esquecidas. Mas por um instante refleti e percebi que o sal colocado no meu ego veio, na verdade, temperar aquela parte que até então eu considerava estar no ponto. Bruto engano havia cometido. Foi permitir uma correção e a partir daquele momento senti que não tinha perdido nada, pelo contrário, havia ganhado e muito.
Aí o dia tende a terminar bem. Assistindo O Sal da Terra que conta a trajetória de Sebastião Salgado, pude compreender que o sentido do novo somos nós que damos. É preciso ser sal da terra como Sebastião foi. Como Maria é; como Carlos é; como eu tento ser.
Mas para isso acontecer, algumas vezes é necessário visitar a essência humana. Somos lixo. Só não queremos admitir, pois sentimos que o tempero está no ponto e o sal é suficiente para digerir nosso 'ego hedônico'.
Sem uma visita aos porões de nossa consciência fica quase impossível sentir a insalubridade da alma e admitir que um pouco de sal, vindo de fora, faz bem, tempera e colabora com o viver.
Meu obrigado nessa noite é para a Lorena e o Sebastião. Um salgado no nome, a outra salgada na correção; ambos sal da terra.
Sentado na cadeira da sala de aula observo Lorena, um misto de garota nerd e delicada, altamente sensível ao outro, mas um pavio curto. Nos achegamos um pouco no decorrer do curso e até caminhadas praticamos juntos. Ela uma dermatofuncional, eu um poeta em busca do que eu realmente sou.
Ao narrar um desapontamento ela tirou de letra: "não espere demais dos outros"; "Quando alguém não compreender seu ponto de vista, tenha pena, talvez ele realmente não consegue acompanhar seu raciocínio". Pronto. A fala simples, certeira dela foi um sal no meu suco de laranja. Remoeu minhas certezas. Destemperou meu ego até então temperado ao ponto.
Minha tendência? Discordar e continuar discorrendo que é preciso sensibilizar-se com a história do outro. É quase necessário sacudir o intelocutor para que o mesmo compreenda que as histórias das pessoas não podem ser esquecidas. Mas por um instante refleti e percebi que o sal colocado no meu ego veio, na verdade, temperar aquela parte que até então eu considerava estar no ponto. Bruto engano havia cometido. Foi permitir uma correção e a partir daquele momento senti que não tinha perdido nada, pelo contrário, havia ganhado e muito.
Aí o dia tende a terminar bem. Assistindo O Sal da Terra que conta a trajetória de Sebastião Salgado, pude compreender que o sentido do novo somos nós que damos. É preciso ser sal da terra como Sebastião foi. Como Maria é; como Carlos é; como eu tento ser.
Mas para isso acontecer, algumas vezes é necessário visitar a essência humana. Somos lixo. Só não queremos admitir, pois sentimos que o tempero está no ponto e o sal é suficiente para digerir nosso 'ego hedônico'.
Sem uma visita aos porões de nossa consciência fica quase impossível sentir a insalubridade da alma e admitir que um pouco de sal, vindo de fora, faz bem, tempera e colabora com o viver.
Meu obrigado nessa noite é para a Lorena e o Sebastião. Um salgado no nome, a outra salgada na correção; ambos sal da terra.