MULETAS

Com o passar do tempo,nossas pernas enfraquecem.Nos apoiamos em paredes,com medo de cair.Com medo da solidão,nos escoramos em um filho, Nos escondemos num sofá,com o medo do futuro . Embriagamo-nos de álcool,pra cabeça não pensar.

Ludibriamos o presente,pro passado não voltar. Há tempo!

Com o passar do tempo,as saudades viram prece.Por um tempo que passou,rezamos ladainhas.Amores imperfeitos,choramos sozinhas

Carinhos inesperados desprezados outrora.. Por vidinhas apagadas,velamos vidas vagas. Olha o tempo...

Com o passar do tempo,prezamos conceitos sociais.Débeis,esquecidos da paixão: miséráveis mentais. Com o tempo, Escarros das necessidades ditadas,"escravos da matéria anunciada",Carinhos a beira do cais? Não mais: que um objeto, um enfeite da comunidade. Enfeite do tempo.

Com o tempo, não mais demonstrações de afeto,

Não mais,sem tempo .. Com o tempo ,beijos fora de hora não há.A figura amada é uma muleta onde escoramos nossas

Solidões e necessidades básicas cotidianas.Com o tempo,

o Trivial. Não mais ! O contentar-se com o pouco,ou com o resto.Do tempo.

De um tempo que poderia ter-se feito tanto,falado-se menos,perdido-se mais,ou perdido-se menos.Tempo. Não mais.Não mais,não mais.

Foi-se o tempo.Não mais.

Pleonasticamente,salto mortal. Pra trás

Bú Martins
Enviado por Bú Martins em 08/04/2015
Código do texto: T5199837
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