A DELICADEZA PERDIDA
Vivemos uma época em que a polidez, a cortesia e a delicadeza estão em baixa, viraram fruta braba. A grossura, falta de educação, estupidez e egoísmo estão dando as cartas e jogando de mão. O pior é que essa onda não é sazonal mas permanente, geral e irrestrita. É a época da delicadeza perdida.
E isso ocorre até por hábito, virou cultura, enraizada nas mentes e corações. Vou dar um exemplo: um amigo meu me contou que estava malhumorado porque iria enfrentar várias filas de bancos e loterias para pagar contas, essas coisas do cotidiano. No momento em que ia saindo de casa, o telefone tocou, ele ainda pensou em não atender, mas fulo de raiva atendeu, era uma mulher de voz fraquinha quase inadível indigando a que horas a doutora fulana viria a sua casa. O amigo arretou-se e passou uma descompostura na mulher, quando poderia simplesmente dizer que ela discara errado o número ou desligar, mas preferiu dar o esporro. À noite, mais calmo e relaxado, pensou no caso e concluiu que errara feio, e resolveu se desculpar, viu o número no visor do telefone, discou, e quem atendeu foi um senhor muito distinto que foi logo se desculpando e dizendo que a mãe dele, uma senhora de 94 anos, que vivia quase paralizada numa cama, sempre ligava o número da fisioterapeuta errado. Pensem na vergonha do meu amigo, e no remoso. Casos como esse a gente sabe - e é protagonista - aos montes. Não há mais, repito, polidez, delicadeza, educação, só grossura. Que Deus nos ilumine para que voltemos à civilidade. Amém.