Vinte e poucos anos.

Há um momento determinante em nossa vida. Nossa infância seria a afirmativa correta. A adolescência seria cogitada. Mas as pessoas pouco comentam sobre os "vinte e poucos anos". Não se comenta pois a vida, nessa fase, se firma de tal maneira que mal percebemos. Mal se pode perceber...

No trabalho você há de passar anos, na faculdade que irá cursar abrirá horizontes, porém direcionados e os relacionamentos, esses serão mais sérios, mais longos, sempre perigando um noivado, quem sabe?

Nossa maturidade estabiliza tudo que fazemos, e mal nos damos conta que a vida está alí, se moldando em tempo real e se firmando que nem barro. Não inquebrável, mas fixo, seguro, rotineiro. Por isso devemos ter cuidado com as escolhas. Não se pode esquecer que os "vinte e poucos anos" são os lembrados com mais saudosismo. Fazemos tudo com consciência, clareza e discernimento. Ficamos em um aguardo ansioso, nos perguntando se estamos no caminho certo, ou errando em algo, querendo profundamente que essa década nunca acabe. E ao findar, que seja da melhor forma.

Os sentidos se deslocam, nem tudo que se sente é à flor da pele, os olhares se expandem. Ao mesmo tempo em que as rugas nos alcançam e o corpo começa a pesar. Trabalhamos muito, estudamos muito, curtimos muito. Temos tempo para tudo e já não temos tempo para nada. A sociedade nos engole e nós engolimos a sociedade. Ela nos cobra, nos suga, nós a questionamos, questionamos e questionamos. Até, possivelmente, chegar o momento de ela acostumar-se conosco e nós nos acomodarmos com ela.

Hoje, amável dia, descobri o segredo das coisas, das pessoas, da vida e do mundo e, por ironia, logo no mês em que saio dos vinte e vou para os "vinte e um", consequentemente intitulado - nós próximos anos - de "vinte e poucos anos". Não sei como será, mas é tudo muito apaixonante, sensível e fascinante. É a linda habilidade de olhar com o olhos criança somada à capacidade de se proteger e de se virar. A alma quase saltando do corpo, aquilo que se tornaste tomando, preenchendo, transbordando.

"Que a onda me leve, que da carne eu já me desfiz."

"Roda mundo, roda-gigante

Roda moinho, roda pião

O tempo rodou num instante

Nas voltas do meu coração "

Ak
Enviado por Ak em 07/04/2015
Reeditado em 11/04/2015
Código do texto: T5198911
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