Em uma simples tarde de sol

É muito mais que dias frios e caras fechadas nas ruas de São Paulo, Capital. O impossível da felicidade parece ter atingido muitos por aqui, talvez seja a simples correria de todo Paulistano ou por acabar encarando a bela vida como uma correria por ser da nossa cultura, onde mal há tempo para ser feliz e conversar com pessoas desconhecidas, com o intuito de se inspirar em “n” histórias.

Uma vez estava eu com o caderno aberto no ônibus, quando um senhor sentou do meu lado e viu as contas de RPM (Rotação Por Minuto), me lembro do sol forte que estava naquela tarde e de como a luz ultrapassava as janelas do ônibus deixando aquele momento tão diferente como aqueles filmes que um aprendiz se encontra em um lugar calmo e iluminado para escutar o seu bom mestre. Pois bem, o senhor olhou para o meu caderno e perguntou:

- Estudando mecânica? Eu balancei a cabeça dizendo que sim e senti as minhas bochechas ficarem vermelhas, mas em um tom calmo puxei conversa:

-Não estudo engenharia, tenho apenas 15 anos, mas estou cursando Eletricista de Manutenção e é preciso saber um pouco de mecânica.

-Você é muito nova e já está assim? Isso é ótimo, eu não estudei mecânica em curso, mas aprendi com um amigo meu na oficina de automóveis... Disse o senhor que olhou para mim com um sorriso em seu rosto e logo me aconselhou, sem ao menos deixar que eu dissesse algo:

-Sabe jovem, você tem muito tempo e ver uma mulher nessa profissão já é uma vitória! Por mais que não siga em frente, esse é o seu aprendizado e deve dar valor ao mesmo, até porque não é todos que conseguem ou que tem essa oportunidade.

Como se aquele senhor soubesse, naquele dia eu estava perguntando a mim mesma se era aquilo que eu queria aprender... Dava para desistir... Mas com essas palavras que ele me dissera, levantei-me, pedi licença ao mesmo e o respondi:

-Não esquecerei dessas palavras e já que estou onde cheguei, estudarei com a intenção de crescer tanto no pessoal quanto no meu profissional, seja o que for, estudar nunca é demais! Tenha uma boa tarde, senhor! Desço no próximo ponto! Então dei o sinal ao motorista do ônibus e comecei a andar em direção à porta.

O senhor sorriu pra mim e disse:

-Meu filho teve a oportunidade e não deu valor, hoje estou indo visita-lo, mas é triste ver que os anos passaram e não posso fazer mais nada por ele, porque a atitude de estudar deve partir de vocês jovens, onde ainda há esperança e futuro para o país. Tenha uma boa tarde, jovem!

É querido leitor, muitas vezes eu converso com pessoas no ônibus, trem, metrô e na maioria são idosos, todos extrovertidos e cheios de sabedoria, o que sempre deixa a conversa mais interessante! Dessa vez a reflexão partiu da minha própria experiência, mostrando à vocês que todos nós temos muito o que aprender, seja como leitores ou escritores!

Desejo-lhes a melhor tarde, mesmo com esse tempinho frio! :)

-Eliza Costa