Florianópolis, Brasil
04 de abril 2015
Sábado
QQ Hora .

     Fim de Tarde. Lá fora, o azul do céu esmaecia. Pássaros em bandos se recolhiam. Brisa úmida a pentear as cabeleiras das Palmeiras Reais. A meteorologia avisa que o tempo vai mudar. Por enquanto, os derradeiros raios do Sol vão apagando o céu de brigadeiro. Anoitecia. O céu torna-se cada vez mais negro e enfeitado por contas prateadas, lamparinas reluzentes e candeeiros celestiais. A Lua cheia, sua majestade, subia nos céu de Floripa.
     Sozinho e absorto pensativo, deitei os óculos sobre o sofá. Fixei um olhar distante e absorto no deslizar dos peixes do pequeno aquário. A sala desnudava-se entre sombras e luzes esmaecidas, que jorrada daquele pequeno mundo aquático. São Lebistes, Poecilia Wingei, Platis, Espadas, Mollys, Colisas, Neons Negros, Pristelas, Borboletas, Mocinhas e Acarás, mascando água, num leve bailar. O ambiente lusco-fusco cheirava a cravo e canela, vindo dos incensos que projetavam fininhas línguas de fumaça dançante que se perdia no ar.
     Ao meu lado! Jonhannes Simmel descansava à mesa de centro. Cansado da narrativa “Não matem as Flores”. O maitre Duhamel acabará, por acidente, dar entrada à Pátria Espiritual. O velho coração não resistiu ao peso da revelação de sua história à pequena Patty.
     Pensativo, descansei os olhos num quadro, desenhado à lápis, por Pai que imortalizou uma garrafa de licor, protegida por um cachepô de palha. Ia levantar um brinde com Simmon, se não fosse o silêncio quebrado por alaridos de crianças.
     Debrucei-me no peitoril da janela. Divisei seis pessoinhas sorridentes que aos pulos abriam caminho para dois passantes. Eles, apressados, seguravam imensas sacolas. A luz escassa do poste da esquina revelou colorido brilho de grandes abas laminadas. Na frente Ibejis transbordavam alegria, otimismo, alarido brincalhão, esperteza e desejo pelos doces ensacolados.
     De repente estava imerso em lembrança pasqualinas de minha infância, na de meus filhos e agora de minha neta.
Ahhh! Diga-me, caro amigo, qual de nós, todos os anos, no Domingo de Páscoa, não encarnamos a alma pura da criança e ficamos alucinados pelo “coelhinho e os Ovos de Páscoa? Quem de nós, não se projetou na alma infantil? Quem de nós, no Domingo da Ressurreição, com o coração saltitando mais alto do que a estatura física não caçou seus Ovos de Páscoa?
     Com certeza todos nós. Entra ano, sai ano, ressuscitamos nossa criança. Compartilhamos nascedoura alegria de vida, de um sempre novo recomeço de uma intensa ressurreição anual. E saudamos o Cristo, que habita nossos corações.
Uma Feliz Páscoa...
Mané das Letras
Enviado por Mané das Letras em 05/04/2015
Código do texto: T5195805
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