HISTÓRIA DE UMA VIAGEM A NATAL... (4)
Já perto de Natal, o trânsito se tornou mais denso e as piadas e as anedotas foram, em parte, substituídas pelas reflexões que cada um fazia sobre as superpopulações e suas tecnologias (carros, aviões, prédios, semáforos, estradas, buzinas, gritos, estresses, etc.).
Fiquei imaginando se o homem não tivesse se amoldado à sua vida em sociedade, através das Leis, Regras e Normas. Como seria, meu Deus! Se com elas já é difícil conciliar o individualismo existente em cada um de nós, onde o “primeiro eu, depois você” é mais importante que “juntos somos mais fortes”, imaginemos, então, sem esses direcionamentos...
Finalmente, estávamos perto de nossa agradável missão para aquele dia. Antes, porém, uma parada para saciar a fome que já se instalara em cada um de nós. Como diz o ditado popular: saco vazio não se põe em pé. E penso que o alimento saudável e equilibrado num corpo e mente sãos só aumenta a sua capacidade de se relacionar com o seu semelhante. Então, se é de alimento saudável que precisávamos, o negócio foi ir rapidinho para o Fino Sabor (Rua Mipibu), local agradável, especializado em congelados gourmet, dos sócios Renato Carvalho e Lara Nogueira – por sinal, ele é sobrinho do padre Guimarães.
Confesso que cometi o pecado da gula. Perdoe-me, padre. Mas é que a comida estava boa demais! Não só a comida, mas o ambiente é incrivelmente aconchegante e acolhedor.
Renato nem se fala... Integrou-se aos visitantes e já participou das brincadeiras feitas por Antonio Francisco. Ângela, como sempre, “batia as chapas”.
Mário, circunspecto, como só ele sabe ser, perguntava alguma coisa ali e acolá. Mas tiramos um “selfie” que, depois que vimos, pedimos, até pelo amor de Deus, à “tirante de fotos”, que o apagasse, por favor. Peixes e filés foram os pratos pedidos. Com sucos. Sem hortelãs. Olha, se não tivéssemos um compromisso, juro que aquela turma só ia sair dali no final do expediente do restaurante, tamanho foi o grau de satisfação e de amabilidades de seus funcionários. Bem, mas nem tudo é perfeito, não é seu Renato? Dona Ângela, padre Guimarães e Mário Gérson ainda estão cobrando o cafezinho (sem hortelã), mas com açúcar, que faltou para a nota dez (sem hortelã).
Despedimo-nos do seu proprietário, de seus funcionários e fomos ao encontro de nosso amigo Obery Rodrigues. Falar de Obery é poder reviver, em imagens, uma amizade que se solidificou através dos anos. Conheci Obery através do seu livro intitulado “Crônicas Anacrônicas”, editado pela Lucgraf – Editora Gráfica Ltda/Natal-RN, que me foi ofertado, de supetão, por seu filho e meu amigo Giovanni Rodrigues (professor universitário).
Fiquei imaginando se o homem não tivesse se amoldado à sua vida em sociedade, através das Leis, Regras e Normas. Como seria, meu Deus! Se com elas já é difícil conciliar o individualismo existente em cada um de nós, onde o “primeiro eu, depois você” é mais importante que “juntos somos mais fortes”, imaginemos, então, sem esses direcionamentos...
Finalmente, estávamos perto de nossa agradável missão para aquele dia. Antes, porém, uma parada para saciar a fome que já se instalara em cada um de nós. Como diz o ditado popular: saco vazio não se põe em pé. E penso que o alimento saudável e equilibrado num corpo e mente sãos só aumenta a sua capacidade de se relacionar com o seu semelhante. Então, se é de alimento saudável que precisávamos, o negócio foi ir rapidinho para o Fino Sabor (Rua Mipibu), local agradável, especializado em congelados gourmet, dos sócios Renato Carvalho e Lara Nogueira – por sinal, ele é sobrinho do padre Guimarães.
Confesso que cometi o pecado da gula. Perdoe-me, padre. Mas é que a comida estava boa demais! Não só a comida, mas o ambiente é incrivelmente aconchegante e acolhedor.
Renato nem se fala... Integrou-se aos visitantes e já participou das brincadeiras feitas por Antonio Francisco. Ângela, como sempre, “batia as chapas”.
Mário, circunspecto, como só ele sabe ser, perguntava alguma coisa ali e acolá. Mas tiramos um “selfie” que, depois que vimos, pedimos, até pelo amor de Deus, à “tirante de fotos”, que o apagasse, por favor. Peixes e filés foram os pratos pedidos. Com sucos. Sem hortelãs. Olha, se não tivéssemos um compromisso, juro que aquela turma só ia sair dali no final do expediente do restaurante, tamanho foi o grau de satisfação e de amabilidades de seus funcionários. Bem, mas nem tudo é perfeito, não é seu Renato? Dona Ângela, padre Guimarães e Mário Gérson ainda estão cobrando o cafezinho (sem hortelã), mas com açúcar, que faltou para a nota dez (sem hortelã).
Despedimo-nos do seu proprietário, de seus funcionários e fomos ao encontro de nosso amigo Obery Rodrigues. Falar de Obery é poder reviver, em imagens, uma amizade que se solidificou através dos anos. Conheci Obery através do seu livro intitulado “Crônicas Anacrônicas”, editado pela Lucgraf – Editora Gráfica Ltda/Natal-RN, que me foi ofertado, de supetão, por seu filho e meu amigo Giovanni Rodrigues (professor universitário).
– Raimundo, pegue este livro, leia-o e, depois, faça uma crítica.
Confesso que fiquei sem entender quase nada. Ler o livro, tudo bem. Sou uma pessoa que gosta de ler crônicas. Agora, fazer uma crítica literária sobre o que li, aí é outra coisa totalmente diferente, e até difícil de apreender.
Mas, como “manda quem pode e obedece quem tem juízo” – e ainda mais sendo um livro, não me fiz de rogado: peguei-o. Como estava com uma viagem marcada para a capital – e não ia dirigindo o meu carro – aproveitei e fi-lo meu “portador textual” (como diz uma amiga de trabalho todas as vezes que é obrigada a ir para a fila de um banco e sabe que a espera será grande até ser atendida), debrucei-me sobre ele.
Já na primeira crônica (A Chuva) me apaixonei pelo estilo do autor: ele consegue reunir a poesia e o lirismo na prosa. Escreve, nas suas frases, palavras coloquiais intermediadas pelo erudito da língua e consegue, no meio disso tudo, dizer, com o jeito brejeiro e matuto do seu povo, aquilo que se torna praxe para quem é um grande escritor: prender o leitor do começo ao fim. Prendeu-me. E me prendeu tanto que, ao chegar ao meu destino, sendo já noite, eu não me desgrudei e nem fui dar umas voltas pela cidade: muito pelo contrário, “armei a minha rede” e terminei de ler o livro todo (sendo a última crônica “Sonhos, o que são?”).
Quando fechei o livro já passava da meia-noite fazia tempo. Mas eu não estava cansado. Estava agradecido. Sempre busquei, nos estilos de Rubem Braga e Rubem Alves, um caminho para autenticar a minha própria independência no gênero e agora eu me via diante do que me faltava. Claro que, ao retornar a Mossoró, eu procurei fazer aquilo que o meu amigo havia me pedido: uma crítica literária. Crítica não: uma crônica falando sobre o conteúdo do livro. Fiz e publiquei no caderno Expressão do jornal Gazeta do Oeste. Dois dias depois, recebi um telefonema do autor me agradecendo. Foi só então que descobri que Giovanni Rodrigues era seu filho. E ele não havia me dito nada. Foi o início dessa grande amizade que cultivamos entre visitas, telefonemas, crônicas e e-mails. Ah! Ia me esquecendo: Obery é escritor com 11 livros publicados, gerente aposentado do Banco do Brasil e está, atualmente, com 9.0 de existência e escreve regularmente para o caderno Expressão do jornal Gazeta do Oeste. Este é o homem que fomos visitar e lhe apresentar os poetas Antonio Francisco e Mário Gérson. Quanto ao Padre Guima, ele já não o via há cerca de 30 anos. Já Ângela, ela esteve com ele no ano de 2013. No que se refere a mim, eu o revira recentemente, no final do ano passado.
O carro parou ao lado do prédio onde ele mora. Descemos e aproveitamos para autografar os livros que levamos para ele: de Antonio Francisco, sua coletânea de cordéis; de Mario Gérson, o último livro que ele assinou (sobre o CDL de Mossoró) e padre Guima, os dois últimos livros (Cartas do Ir. Manoel e Zé de Néo, em versos e prosas). Enquanto isso a lady da turma, Ângela Rodrigues, retocava a maquiagem. Ao lado, os carros passavam naquela pressa peculiar aos dias da semana – talvez quisessem, com isso, diminuir o tempo de espera para poder ver o dia terminar – e, em cima, os trabalhadores da construção civil erguiam mais um espigão, enfeando, ainda mais, um dos cartões postais mais visitados do nordeste brasileiro. Quando todos se aprontaram, dirigimo-nos à portaria do prédio do nosso amigo. Quando dissemos nossos nomes, fomos imediatamente convidados a entrar.
Confesso que fiquei sem entender quase nada. Ler o livro, tudo bem. Sou uma pessoa que gosta de ler crônicas. Agora, fazer uma crítica literária sobre o que li, aí é outra coisa totalmente diferente, e até difícil de apreender.
Mas, como “manda quem pode e obedece quem tem juízo” – e ainda mais sendo um livro, não me fiz de rogado: peguei-o. Como estava com uma viagem marcada para a capital – e não ia dirigindo o meu carro – aproveitei e fi-lo meu “portador textual” (como diz uma amiga de trabalho todas as vezes que é obrigada a ir para a fila de um banco e sabe que a espera será grande até ser atendida), debrucei-me sobre ele.
Já na primeira crônica (A Chuva) me apaixonei pelo estilo do autor: ele consegue reunir a poesia e o lirismo na prosa. Escreve, nas suas frases, palavras coloquiais intermediadas pelo erudito da língua e consegue, no meio disso tudo, dizer, com o jeito brejeiro e matuto do seu povo, aquilo que se torna praxe para quem é um grande escritor: prender o leitor do começo ao fim. Prendeu-me. E me prendeu tanto que, ao chegar ao meu destino, sendo já noite, eu não me desgrudei e nem fui dar umas voltas pela cidade: muito pelo contrário, “armei a minha rede” e terminei de ler o livro todo (sendo a última crônica “Sonhos, o que são?”).
Quando fechei o livro já passava da meia-noite fazia tempo. Mas eu não estava cansado. Estava agradecido. Sempre busquei, nos estilos de Rubem Braga e Rubem Alves, um caminho para autenticar a minha própria independência no gênero e agora eu me via diante do que me faltava. Claro que, ao retornar a Mossoró, eu procurei fazer aquilo que o meu amigo havia me pedido: uma crítica literária. Crítica não: uma crônica falando sobre o conteúdo do livro. Fiz e publiquei no caderno Expressão do jornal Gazeta do Oeste. Dois dias depois, recebi um telefonema do autor me agradecendo. Foi só então que descobri que Giovanni Rodrigues era seu filho. E ele não havia me dito nada. Foi o início dessa grande amizade que cultivamos entre visitas, telefonemas, crônicas e e-mails. Ah! Ia me esquecendo: Obery é escritor com 11 livros publicados, gerente aposentado do Banco do Brasil e está, atualmente, com 9.0 de existência e escreve regularmente para o caderno Expressão do jornal Gazeta do Oeste. Este é o homem que fomos visitar e lhe apresentar os poetas Antonio Francisco e Mário Gérson. Quanto ao Padre Guima, ele já não o via há cerca de 30 anos. Já Ângela, ela esteve com ele no ano de 2013. No que se refere a mim, eu o revira recentemente, no final do ano passado.
O carro parou ao lado do prédio onde ele mora. Descemos e aproveitamos para autografar os livros que levamos para ele: de Antonio Francisco, sua coletânea de cordéis; de Mario Gérson, o último livro que ele assinou (sobre o CDL de Mossoró) e padre Guima, os dois últimos livros (Cartas do Ir. Manoel e Zé de Néo, em versos e prosas). Enquanto isso a lady da turma, Ângela Rodrigues, retocava a maquiagem. Ao lado, os carros passavam naquela pressa peculiar aos dias da semana – talvez quisessem, com isso, diminuir o tempo de espera para poder ver o dia terminar – e, em cima, os trabalhadores da construção civil erguiam mais um espigão, enfeando, ainda mais, um dos cartões postais mais visitados do nordeste brasileiro. Quando todos se aprontaram, dirigimo-nos à portaria do prédio do nosso amigo. Quando dissemos nossos nomes, fomos imediatamente convidados a entrar.
No quinto andar, o apartamento. Obery nos esperava na porta. Um por um a ele foi sendo apresentado, acompanhado de um abraço.
Em seguida, ele nos convidou para entrar. Sentamo-nos em sua confortável sala de visitas. As suas filhas se faziam presentes, assim como o seu filho Giovanni.
Logo o clima da sala passou das formalidades para o riso fácil. Antonio Francisco começou a declamar as suas poesias e deixou tudo mais fácil. Simone, a filha anfitriã, desdobrava-se para atender a todos nós. Não precisamos de tanto, mas gente fina é outra coisa. Como disse padre Guima, saber receber é, também, uma dádiva de Deus. E ela – juntamente com seus irmãos – sabe muito bem fazer isso.
Depois de várias fotos, de Mário ir, aos poucos, no meio das conversas, entrevistando o dono da casa (uma habilidade de Mário: ele não interrompe para poder entrevistar. Ele entrevista através de quem está conversando com o seu entrevistado), uma pausa para a entrega dos livros e Simone nos convidou para o café.
Mesa farta, quitutes diversos, o poeta Antonio Francisco de olho no padre Guima. Ô povo da língua grande! Foram dizer ao poeta que numa mesa farta quem come mais é padre. Aí já viu, né? Ângela, como sempre, uma lady: só provou um tiquinho de nada... Apenas para repor as gramas que havia perdido durante a viagem de vinda.
Continua...
Em seguida, ele nos convidou para entrar. Sentamo-nos em sua confortável sala de visitas. As suas filhas se faziam presentes, assim como o seu filho Giovanni.
Logo o clima da sala passou das formalidades para o riso fácil. Antonio Francisco começou a declamar as suas poesias e deixou tudo mais fácil. Simone, a filha anfitriã, desdobrava-se para atender a todos nós. Não precisamos de tanto, mas gente fina é outra coisa. Como disse padre Guima, saber receber é, também, uma dádiva de Deus. E ela – juntamente com seus irmãos – sabe muito bem fazer isso.
Depois de várias fotos, de Mário ir, aos poucos, no meio das conversas, entrevistando o dono da casa (uma habilidade de Mário: ele não interrompe para poder entrevistar. Ele entrevista através de quem está conversando com o seu entrevistado), uma pausa para a entrega dos livros e Simone nos convidou para o café.
Mesa farta, quitutes diversos, o poeta Antonio Francisco de olho no padre Guima. Ô povo da língua grande! Foram dizer ao poeta que numa mesa farta quem come mais é padre. Aí já viu, né? Ângela, como sempre, uma lady: só provou um tiquinho de nada... Apenas para repor as gramas que havia perdido durante a viagem de vinda.
Continua...