PROGRESSO A OLHOS VISTOS

PROGRESSO A OLHOS VISTOS

BETO MACHADO

O que as ruas daquele lugar podiam oferecer aos passantes e moradores era poeira e lama. Ainda dava de bônus uma iluminação precária que a empresa de energia elétrica usava como isca para angariar clientela, mesmo sabendo que a inadimplência seria altíssima... Quem sabe se alguns subsídios governamentais não cobririam essas perdas?... Nos dias chuvosos, o que salvava a integridade dos calçados de quem precisasse sair ou chegar eram as sacolas de plástico amarradas nas canelas. Formava-se, ali, mais uma comunidade, tão carente quão sofrida.

Todas as promessas feitas pelo loteador à Prefeitura e aos compradores de lotes furaram. Resultado: caução total loteamento, por parte do Município. A necessidade de moradia supera todos os problemas burocráticos e documentais. O restante fica para posteriori. Foi quando a Prefeitura fez vistas grossas para a ocupação de uma vasta região caucionada por ela: Jardim N. S. das Graças. Mas no meio desses problemas existiam muitas questões a serem resolvidas com prioridade e pragmatismo, pois afetavam a vida dos moradores no dia a dia. Água potável encanada, esgotamento sanitário, drenagem e pavimentação das ruas passaram a fazer parte das listas de reivindicações nos caderninhos de anotações dos líderes comunitários que proliferavam e se sucediam, visto que conflitos de interesses surgiam aos borbotões. Muitos desses conflitos findavam tão somente após a eliminação de um dos contendores.

A política brasileira da época, anos oitenta, fervilhava. A Democracia era um bebê de cuja paternidade exalava o odor da dúvida. Um dos pretensos pais partiu fora do combinado. Antes mesmo de ver o registro de nascimento de sua cria, a CONTITUIÇÃO CIDADÃ e foi para outra dimensão, mas deixou uma frase lapidar. “Não podemos nos dispersar”.

Cada vez que os meios de comunicação repetiam essa frase, grande parte da população a compreendia como se estivesse sendo chamada à mobilização. E atendia ao chamado da maneira que podia. Milhares iam só com a roupa do corpo e a solidariedade. Habitar é preciso. Então o povo partiu para a ação.

Graças aos que colocaram a cara e a coragem, sobreviventes ou não, fiéis ao grito mobilizador de Tancredo, a disposição das lutas com riscos incalculáveis, nós, moradores de hoje, podemos bater no peito e dizer com orgulho: EU SOU CAROBINHA. Nada de crise de identidade. Nada de negação do próprio nome. Carobinha é Nossa Senhora das Graças, assim como Nossa Senhora das Graças é Carobinha.

A crueza de vida por que passaram os pioneiros, fundadores de uma comunidade que viveu grande parte de sua existência sob o julgo violento do narcotráfico não pode ser esquecida nem apagada da história de um povo trabalhador e aguerrido, tampouco o nome do seu lugar, seu torrão, sua aldeia.

O progresso que observamos de dentro pra fora, os visitantes já percebem de fora pra dentro. A região já tem um representante legislativo no parlamento municipal. Há obras em andamento, tornando o sonho do saneamento básico uma realidade no Pantanal, cujos moradores eram os mais prejudicados com alagamentos, pela proximidade do Rio Guarajuba.

Um loteamento irregular com mais de cento e trinta quadras habitadas, com um relevo que varia entre ladeiras íngremes e áreas de pântanos, cortado por dois rios alimentados por uma bacia de sete riachos vindos de outros lugares merece uma atenção especial por parte do poder público. E essa atenção tem vindo através do nosso camisa DEZ lá na Câmara de Vereadores de Rio de Janeiro, que vem desempenhando um papel maravilhoso como nosso Ponta de Lança e artilheiro. O JARDIM NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS agradece o resultado dessa parceria que deverá se estender por ad eternum porque como disse um poeta: UMA VEZ CAROBINHA SEMPRE CAROBINHA.

Roberto Candido Machado
Enviado por Roberto Candido Machado em 05/04/2015
Código do texto: T5195672
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