RESSUREIÇÃO. CORPO E ALMA.

Ressurgimos em corpo e em espírito. É a afirmação da cultura de todos os homens, religiosa e cultural em sentido amplo. Ressurreição na luz é divagada vontade, porque a vontade se realiza, é matéria, e a espiritualidade configura a história da intenção cultuada, é etérea.

Assim vivemos entre o corpo e o espírito do que se pode conhecer, aquele forma as legiões humanas nos tempos, pela sucessão, este amplia a vontade que se projeta em escola pela transição do corpo, e que fica ou não esquecido.

Gigantescos corpos em espírito foram esquecidos na espiritualidade professorada em corpo. Posso citar muitos e seria injusto com os não citados. Quedo silente.

Hoje, marca-se a data de quem mesmo em corpo, Cristo, no mistério de seu túmulo vazio, inaugura para a formalidade histórica a vitória sobre a morte. O espírito é eterno, ressurge.

NADA MAIS SIGNIFICATIVO E INSCRITO NO UMBRAL DA ETERNIDADE QUE NÃO PASSA, EVOLUI.

Em corpo vive-se uma transitoriedade naqueles que corporalmente nos representam por um certo tempo, e na linha de sucessão, nossa memória. Não tivesse em mim o sangue de meu pai, meus filhos não teriam a mesma ebulição que este sangue nos legou. A vontade, a curiosidade, o interesse pela humanidade e sua humanização em suas múltiplas atividades. De minha mãe a bondade que exculpa qualquer ausência de amor,

O andamento espiritual abraça os que se entregaram exclusivamente ao espírito na escolha quando da caminhada do corpo como disse ontem querida amiga, citando monges e religiosos que se lançaram por este caminho. É um outro lado de vicejar, fomentar a faceta nobre de um número menor de seres privilegiados.

Santo Agostinho é grande exemplo dessa dualidade pela conversão do conhecido Santo de Tagaste, sendo fundamentais nesse apostolado sua mãe, Santa Mônica, Santo Ambrósio que o ensinou a utilizar a Bíblia de forma correta, e São Paulo, leitura obrigatória de Agostinho. Mas inclinou-se para a sucessão em corpo, também, Santo Agostinho, trazendo ao mundo com uma concubina Adeodato, seu filho.

São profundas suas cartas trocadas com a mãe de seu filho após a conversão.

Sua inclusão no cristianismo foi marcada por uma evolução meteórica. Batizado em 387, com 33 anos, em 391 foi ordenado sacerdote, designado auxiliar do bispo de Hipona, sendo por fim bispo do lugar até sua morte. O venerável Bispo de Hipona.

Tudo não sem antes viver uma vida libidinosa com suas concubinas sobrevindo a castidade após o “tolle, lege!”, o que amolda-se à perfeição ao elo entre essas duas formas de viver.

Viver nosso coração em outro corpo, nos filhos, é o ressurgir que sobrevirá como Cristo que vive em todos nós, emoção permanente transformadora do agora em alegria, sal da vida em corpo, futuro abençoado no presente, material e espiritual.

Se somos nada do agora em corpo, na falta do abraço, do afago, do beijo, do amor de nossos filhos, menos seríamos. Nada mais alegre para meu corpo, que faz flanar meu espírito, do que o abraço de minhas netinhas que me põem ao lado do Cristo.É o ressurgir em alegria a cada instante que não conhecia, ressurgir em espírito que se plasma na sucessão. Cristo nos delegou pela vida de nossas vidas a conversão em alegria, como referiu em sermão Padre Vieira discursando sobre a maternidade, afirmando :"A dor do parto como ponderou Cristo é dor que se converte em alegria." Nenhuma alegria maior do que a concedida pelos filhos, que podem também conferir tristezas, a dupla face da vida.

Que todos como Cristo possam ressurgir em corpo e em espírito nesta caminhada e em sua extensão, como na maternidade de Maria e na fé do Pai por sua infinita paternidade. Os que amam e são felizes não são os mesmos, como legou Proust, mas encarnam a dualidade. Boa Páscoa.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 05/04/2015
Reeditado em 06/04/2015
Código do texto: T5195647
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