O destino era o “Eldorado”, a capital de São Paulo (1949)
Éramos crianças, três irmãos nascidos em Porto Ferreira – SP, e daí a família resolve migrar para a capital de São Paulo. E lá vamos nós embarcando no trem da Cia. Paulista.
Não me perguntaram se eu queria mudar para a capital, enfim também se perguntassem eu não poderia responder. E vamos viajando até chegarmos à Estação da Luz. Em seguida embarcar no trem subúrbio Santos & Jundiaí, destino Vila Carioca, estação parada Vemag, atual Estação Tamanduateí.
Foram quatro anos se adaptando, moramos em vários endereços, tais como: Rua Campante; Rua Lício de Miranda em dois endereços; próximo da Rua Álvaro do Vale e próximo da Rua Aída; Rua Colorado; Rua Frei Pedro de Souza, sempre pagando aluguel, e finalmente em 1953 teríamos a nossa casa, Rua Albino de Morais, 114.
Vila Carioca, bairro em formação, muitos terrenos baldios. Dias antes de iniciarmos a construção de nossa casa, um Citroen de cor preta foi abandonado entre as ruas Albino de Moraes e Antônio Frederico, o individuo que furtou não conhecia a vila e deixou o veículo atolado no brejo. Olha só isso foi no mês de setembro de 1953.
Boa parte dos terrenos do bairro da Vila Carioca era negociada pela empresa Comercial e Importadora F. Cuocco S. A., com sede na Rua Brigadeiro Tobias, 740 – Centro – SP.
O valor de um terreno com 50x10: 500 metros quadrados eram vendidos por Cr.$ 12.000,00 (doze mil cruzeiros), isso em 120 meses, pagando o selo proporcional no valor de Cr.$ 44,50, na época não tinha a correção monetária.
Madeira para construir casas não era problema, na época tinha uma empresa importadora de máquinas industriais, com sede na Rua do Grito, entre as ruas: Silva Bueno e do Manifesto, madeira essa que servia como “contêineres”, madeira de pinho.
De acordo com a demanda para construir novas casas de madeira, pessoas compravam e lá vinham os caminhões descarregando em plena rua, lembro que certa ocasião três contêineres foram descarregados, enfim eu e os meus irmãos ainda criança desmontávamos peça por peça, usando martelo, pé-de-cabra e alavanca. Uma vez desmontada íamos amontoando de acordo com a medida de cada tábua, isto na calçada.
Meu pai “Dito Carpinteiro” se uniu com o vizinho “Mané Barraqueiro”, e lá vamos nós construirmos casas de madeira.
Água não era problema, abria-se um poço com três metros de fundura, não lembro o tamanho da cisterna de cimento, sei que tínhamos água até a boca do poço, mas não era de boa qualidade, recordo que parentes do interior vinham nos visitar e diziam que a água era pesada, e com gosto meio salobra, de mau paladar.
Anos depois chega ao bairro água encanada, e vamos consultar um encanador para saber o custo do serviço, e de acordo com o valor apesentado meu pai achou caro, e achou melhor comprar ferramentas e fazer o serviço, e assim foi. Em razão disso meu pai acabou aprendendo a profissão de encanador.