Buscando Admiração e Paixão - Hey, venha ler essa crônica que eu fiz!

Hoje eu parei para realmente pensar num assunto que sempre, de quando em quando, eu me bato com, mas que de fato nunca tive aquela vontade de pensar a respeito. E por que não hoje, não é verdade? Então, o problema é simplesinho, e talvez por isso mesmo, nunca me dei a cabo de por ele em análise.

Vocês já notaram que todos os seus amigos que escrevem alguma coisa: contos, poesias, crônicas, ou até pensamentos, sempre fazem de tudo para que você dê aquela olhadinha? Se você está aqui lendo este texto, talvez até mesmo você já tenha pedido para amigos ou amigas seus darem aquela olhada, dizerem aquela opinião.

Eu mesmo algumas vezes parei amigos e pedi para que lessem alguma coisa que escrevi. De certo não tanto quanto sou parado e pedido para que leiam minhas coisas -- mas se eu li alguma coisa de uma amiga minha, demora um pouquinho eu peço para que ela leia algum texto meu. Realmente não sei dizer se eu pedi mais para lerem meus textos, ou se me pediram para que eu o fizesse... Enfim. Quando penso a respeito, sei de alguns amigos que nunca pedi que lessem algo meu, ou quando mostro, mostro textos curtos, engraçados, meio que "escondendo" aqueles que considero os melhores, ou os que mais gosto. Isso em todos os âmbitos: política, poesia, amor, desventuras... Sei de amigos meus que nunca leram uma poesia minha chamada "Ode à Tristeza" por exemplo -- que de tempos em tempos, eu paro para reler junto com algumas outras.

Abro essa discussão para debater algo não de mim propriamente, mas daquilo que penso ser considerado próprio do humano: "O buscar a Admiração dos outros". Este é um tema que aparece mesmo em textos antigos de filosofia (como os de Aristóteles ou de Platão) aonde o homem corajoso e heroico é sempre reverenciado, no lugar do covarde e excessivamente temerário. Não poderia haver algo de pior para um cidadão do que ser covarde e "sair correndo do seu posto de batalha" -- é um caso que imagino, atingiria até os seus, a sua família. Por exemplo: "Olha, aquela é irmã do Tássilo, aquele covarde que abandonou o seu companheiro quando viu o exército Persa!". Hoje em dia, talvez porque nossa sociedade tenha mudado, talvez porque o mundo não necessite tanto mais de provas de coragem (força)... ao menos não em todos os cantos do mundo, diga-se... Ainda assim, essa admiração ainda é buscada de outro jeito.

Às vezes num texto, numa poesia que é declamada em nome de João, numa história que foi contada num palco, escrita pelo Pedro. Oras, não falo que isso é errado, reitero, mas é uma coisa de pensar, de como aquela admiração heroica foi transmutada por uma intelectual. Hoje, admira-se os feitos intelectuais, os saberes, os escritos, as proezas -- os mestrados, doutorados, contos publicados, best-sellers vendidos. Acho que a única coisa que hoje constato é um fato: desta mudança do plano físico para o plano intelectual. Da coragem braçal trocada pelos feitos da alma, do pensamento, do intelecto.

E apesar de tão diferentes, uma coisa se encontra presente em ambas: o coração humano. E se o coração humano está envolvido, oras a paixão também está. E o meu, o seu e nosso desejo de ser exaltado, de ser iluminado (diga-se porque não, merecidamente em muitos casos) e que nossos feitos providos daquilo que é "a priori", ao menos uma vez, uma vezinha sequer, sejam lidos, admirados, experimentados e sentidos. Mesmo que esta vez seja quando eu chame um amigo e diga: "Hey, venha ler esta nova crônica que eu acaber de fazer!".