VILA DINÍSIA E GURUPÁ, DE PROMISSÃO

Entre os 150 patrícios que vieram em peregrinação da capital no dia 29, março, permanecendo três dias em Lins, encontrei dois promissenses ansiosos para voltar à terra natal. Um havia nascido na Vila Dinísia. Não me lembro de como chegar até lá. Quando ia pescar, passava num bar à beira da estrada. Era o que restava da vila. Antes bem prospera, com igreja, com o cemitério. Sugeri-lhe que dirigisse a Promissão e contratasse um taxi para levá-lo até lá.

Já quando a Gurupá, fiz-lhe até um mapa, indicando-lhe até a localização da Igreja Cristo-Rei. A respeito desse distrito, há uma história curiosa. Estudava Direito em Bauru. E, um dia, se apresentou um colega de classe ao saber que era de Promissão. Ele era vereador de uma cidade próxima – não digo o nome, pode ser que ele ainda esteja vivo -. Disse-me que ganhara um cartório para ser instalado em Gurupá. Dado ao pouco número de habitantes, não compensava mudar. Perguntou-me se não conhecia alguém que pudesse assumir o cargo de escrivão que ele nomearia. Não queria nada do rendimento. Lembrei-me de um patrício que tinha um bar. Seria ideal para ele. O cartório funcionaria anexo ao bar. E assim foi feito. Um dia ele apareceu no banco onde eu trabalhava. Vinha se despedir. O cartório fora fechado e ele ganhara outro em Itaquera, próximo à capital. Estava eufórico. O movimento lá era bom.

Certo dia, esse vereador, já bons amigos, confidenciou-me que estava sendo processado por explorar a prostituição e fora condenado na primeira instância. Possuía uma boate e as moças que ali trabalhavam faziam programas fora do estabelecimento. Apelara da sentença. Nessa época, diversos desembargadores eram professores na Faculdade. E um deles estava para decidir o destino dele. Insisti para que fôssemos falar com ele. Até que cedeu. Fomos, num intervalo das aulas, falar com o desembargador. Estudantes, ainda, nem pensávamos que era um atrevimento. Mas o desembargador recebeu-nos bem. Disse que iria estudar bem o caso. Umas semanas após, o colega telefonou-me que fora absorvido por unanimidade. Nunca mais soube dele. Nem se está vivo. Se alguém souber dele, avise-me. Só sei que o nome da boate dele era de um bolero bastante conhecido. Mas isso já faz mais de 50 anos.

Yoshikuni
Enviado por Yoshikuni em 02/04/2015
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