Metamorfica II
Criou-se um universo lapidado por suas inevitáveis desilusões, onde o sereno da melancolia faz visitas em seus dias nublados. Sua sede por calmaria é intensa, renegando as distrações carnais que tanto fizeram tempestades em seu lar.
Desenha seu silêncio no deserto dentro de si camuflando seus sentimentos não revelados. Lá fora, um dia ensolarado e vivo, mas aqui dentro, temporais e mudanças inconstantes e imperceptíveis.
As palavras já não satisfazem, aquele espaço diminuiu. As vozes decoradas, os sermões repetidos, tornaram-se repulsivos. O mundo é um grande ponto de interrogação e os rostos de quem sempre temeu sentir a ausência já não assombram mais.
A neblina se vai com seus temores e um novo ser se forma. Metamórfica em sua essência, ama em silêncio, dispara suas iras com facilidade, sua fraqueza é o canto triste dos seus queridos. Decifrada por poucos o seu mistério é uma arte.