O Despertar
O Despertar
Escrito por: Dandara Barbosa
Crônica: Drama/Romance
O Despertar conta a história de uma jovem escritora que sofreu bulling quando criança. Traumatizada e desacreditada, ela decide pôr fim em sua vida, até que surge Gustavo. Uma pitada de amor muda toda a sua história.
Ano de 2013. Segunda.
Rio de Janeiro 20 °C O despertador toca. 06:30 am
Lílian se levanta e caminha pelo corredor em direção ao antigo quarto de seus pais. Lá, ela viaja no tempo, olhando e acariciando o edredom cheiroso e limpo que ali se encontra. Uma lágrima salta dos seus lindos olhos claros. Lílian pula na cama. Naquele momento se inicia um choro compulsivo.
Lili como gostava de ser chamada, costumava ser uma menina alegre e extrovertida, até que começa a sofrer Bulling na escola. Desde então, ela se tornou uma menina tímida e sem brilho no olhar .
Seus pais foram assassinados em torno de 5 anos, isso fez com que Lílian começasse a ter desgosto pela vida e por tudo que há em sua volta.
5 Anos antes, ano de 2008
Na manhã da morte de seus pais, Lílian acorda com uma sensação ruim. Angustiada, corre em direção ao quarto de seus pais, mas eles já haviam saído. Toda manhã eles saíam pra comprar pão quente na padaria do seu Geraldo, e naquele dia era um dia muito especial. Pois seria o dia que sua filha Lilian iria fazer um teste para uma escola bastante requisitada, Escola de Artes novo Mundo.
Lili vendo que seus pais não estavam na cama, tentou controlar a angustia que sentia e logo pensou: Ah, eles devem ter ido na padaria comprar pão.
O telefone toca.
- Alô?
- Sim, sou a filha deles. Aconteceu alguma coisas?
Não, isso não pode ter acontecido...
O desespero toma conta de Lilian. O telefone desliza de suas mãos chegando a tocar o chão. Desnorteada, ela sai em disparada.
Chegando na padaria do seu Zé, Lílian se depara com os seus pais no chão coberto de sangue. Lilian entra em desespero. Desnorteada, Lílian grita e chama por eles, mas não obtêm resposta.
O pior havia acontecido.
Desde o acontecido Lilian vive trancada em seu apartamento . Todos os dias a imagem e o som de seus pais lhe vem a memória.
A vida havia lhe pregado peças, e das piores!
Ano de 2013
Nada mudou, Lilian piorava a cada dia. Totalmente sem rumo ela decide pôr fim a própria vida. Ela abre a porta de seu apartamento, desce as escadas lentamente, em direção a padaria aonde seus pais costumavam frequentar. Olha em volta, e logo vem a cena daquele triste episódio, as lágrimas voltam a saltar de seus olhos que costumavam ser irradiantes, mas que se apagaram conforme todo o seu sofrimento.
Seguindo em direção a praia, ela caminha. A praia, costumava ser o lugar do qual Lílian ordenava os seus pensamentos e suas confusões. Mas aquele dia, a praia teria outro significado para ela. Seria o dia em que toda a tristeza que ela carregava, desapareceria de uma vez por todas.
Pensativa, Lílian se levanta e vai ao encontro de uma enorme pedra na qual havia uma grande arrebentação ao redor.
Ela estava disposta a acabar com o seu sofrimento.
Ela caminha em direção ao abismo que a seduzia cada vez mais. Preste a pular, Lílian ouve uma voz.
- Oi.
Lílian se assusta.
Pois antes de chegar ao abismo, se assegurou que não tivesse ninguém por perto que pudesse impedir o absurdo que ela estava prestes a cometer.
- Oi.
- Estive-a observando desde o calçadão.
Uma sensação estranha e boa toma conta da mente e do corpo de Lílian. Logo, ela recua.
- Oi, não havia te visto.
- Tudo bem, as vezes sou invisível mesmo (risos). O que você faz aqui? Não pensa em pular né?
Ele finalmente consegue arrancar um sorriso de Lílian, após anos de amargura.
Apesar da estranha e repentina aparição daquele belo rapaz, Lílian se desarma, e deixa se envolver pelo desconhecido.
- Quer dar uma volta? Olha, não sei porque estou aqui, mas algo me dizia pra vim e eu costumo seguir o meu coração. Me desculpe.
Com um sorriso tímido ela concorda. Ele pega em suas mãos e caminha com ela em direção a orla. Turbilhões de pensamentos e emoções tomam conta de Lílian.
Já acomodados, Lílian sai de seus estado torpo e pergunta:
- Posso ao menos saber seu nome?
- Ah, me desculpa pela falta de educação. Me chamo Gustavo , é um prazer .
- Me chamo Lílian.
- Sabe, eu vim pra praia com o pensamento bastante conturbado, digamos que estejamos passando por situações difíceis no momento. Mas quando me virei e te vi, senti algo tão bom,sabe? e sem pensar duas vezes as palavras saíram da minha boca em direção a você.
Pela forma que me olha, você não deve estar entendendo nada. Confesso que também que não entendo. Mas posso te contar uma coisa? na verdade um desabafo!!!
Bom, dediquei toda a minha vida em prol da minha família, casei com uma mulher que amava, e mesmo sabendo do caráter dela, eu a desejei. Fui roubado, traído, humilhado... cheguei ao fundo do poço, estou no fundo do poço. Mas ao te ver, senti aqui dentro, no fundo da minha alma, que algo poderia ter sentido. Eu sei, parece estranho, é estranho isso tudo que estou a dizer. Mas acredite, quando olhei nos seus olhos, consegui buscar forças pra continuar . Mesmo sem te conhecer, sem saber aonde pode chegar.
O silêncio tomou conta daquele recinto. Os olhos de Líliam repletos de lágrimas, o choro veio à tona. Lílian também sentiu algo especial por aquele rapaz, ela não sabia explicar o que estava acontecendo. Mas pela primeira vez na vida, ela sentiu seu coração leve.
Bruno lhe deu um abraço apertado, e ao pé do ouvido de Lílian, ele disse: Tudo vai ficar bem!!! O coração de Lílian veia a boca, suas mãos frias e trêmulas logo denunciaram o nervosismo do qual sentira .
É como se aquele rapaz fosse um enviado dos céus para aquietar o coração dessa pobre menina.
Lílian passou a encontrar Bruno todas as quintas na praia, aonde eles se conheceram. Lílian voltou a escrever suas lindas poesias, e conseguiu terminar o seu livro. O qual se chama " O despertar ".
No ano seguinte, ela conseguiu a esperada vaga na " Escola de Artes novo Mundo ".
Finalmente a vida de Lílian começa a tomar um rumo. Aonde o inconformismo e a tristeza tinha morada, os sonhos, a fé e a esperança passou a fazer parte da sua jornada.
2 Anos depois...Ano de 2015
Sábado. O despertador toca 07:00 am
céu azul, limpo, pela rua os pássaros cantavam, as crianças brincavam nas calçadas, os idosos que ali moravam se cumprimentavam e contavam suas histórias para aqueles que se interessavam.
Quase todos os dias, a rotina daquele bairro permanecia em constante harmonia.
Na manhã de seu casamento, Lília acorda atrasada, porém, feliz.