Dia dos namorados ou Provando l'amour?
Essa história já vem de séculos. No Brasil, é dia 12 de junho. Na Europa e nos Estados Unidos, é dia 14 de fevereiro. Na Ásia, na África e na Oceania, não sei. Essa comemoração tem a ver com um famoso padre, chamado Valentim, morto em Roma nesta última data (270), considerada lá, a essa época, dia dos apaixonados.
Mas, assim como nem parece equivocado o paralelismo Estados Unidos e Europa, com o qual já nos acostumamos, no Brasil, a fixação da data em 12 de junho nem guarda estreita relação com o motivo que lhe deu origem. Deve-se, precisamente, a uma propaganda, gestada e vulgarizada em 1949, que visava a aumentar as vendas no comércio durante o mês de junho, considerado de “baixa temporada” para os ganhos de logistas e companhia. Com o slogan "Não é só de beijos que se prova o amor", a Confederação do Comércio de São Paulo determinou que não seria só de festa junina que viveriam os brasileiros no período compreendido entre os gastos com as férias de julho e os festejos do dia das mães.
E como ficariam, no Brasil, os românticos depois dessa bomba? Mas… e desde quando os verdadeiros enamorados precisam de um dia especial para fazer sua declaração d'amour com presentinhos? Os apaixonados e as apaixonadas, durante o auge da sentimentalice amorosa, mesmo na entressafra e até no fim-de-safra, não precisam de um empurrãozão nem de um empurrãozinho para encher de mimos o objeto de seu afeto eros. Precisam sim é de dinheiro, pois qualquer ocasião é sempre propícia para troca de preciosidades, lembrancinhas ou souvenir.
Entretanto, uma vez instaurado o dia 12 de junho como o dia dos namorados, gestado explicitamente nos fornos das necessidades comerciais, impõe-se hoje também aos Ficantes, que nem sabem o que fazem ou querem de quem conheceram uns segundos atrás, a excitação de querer presentear, com o melhor que puderem, seus efêmeros semi-afetos, geralmente para não deixar a data passar em branco.
Mas, ao final, alguém sairia prejudicado nessa “amorosa” quadrilha junina? Se um poema isto for, que nos diga!
Versos aos sem-ninguém
Os heróis tem seus dias, os “santos” também
A mãe, o pai, a criança têm um mês
Há até o da páscoa de coelhinho!!!
E os “Inamorados”, no Brasil?
Tadinhos!
Tem o 12 de junho para lembrar-se
De que estão sozinhos
Prejudicando o comércio
Que não lucrou lhes vendendo
Nem um presentinho