J E S U S
Para mim, o maior vulto da humanidade em todos os tempos foi Jesus Cristo. Mesmo os não religiosos respeitam e reconhecem o seu valor e a magnitude de sua força moral, a fortaleza da sua fé, a sua ação solidária e o exemplo de vida marcante que transcende o humano e se eterniza no sagrado.
A história de Jesus, desde a Manjedoura até a Ressureição é a mais bela história da humanidade. É uma história que jamais será esquecida.
Quando se aproxima a Semana Santa costumo refletir sobre a vida de Jesus. Faço isso lendo e refletindo sobre partye dos Evangelhos, analiso as suas ações, principalmente no tocante à solidariedade, desprendimento e humildade. Mas a solidariedade de verdade e humildade com altivez. Jesus nunca foi um tipo passivo, mas altivo.
Mas há algo na vida de Jesus que sempre evito rever, nos cinemas, teatros, espetáculos ou quaisquer narrativas: as torturas, suplícios e a crucificação. Desde criança que evito essa parte da história dele. Sempre achei que é bastante saber que ele foi vítima dessas barbaridades. Não acho correto se ficar repetindo "ad nauseam" essa "aula espetáculo de torturas e suplícios". Acho isso uma crueldade, uma espécie de masoquismo. Por quer deveria rever todos os anos a cena de Jesus sendo açoitado e torturado, e depois crucificado? O que isso acrescentaria à minha fé em Cristo? Por que reviver na ficção essa crueldade? Um amigo meu, doido por cinema, tanto fez que resolvi assitir ao filme de Mel Gibson sobre Cristo. Quando começaram aas cenas de tortura desliguei o vídeo.
No meu tempo de criança, quando chegava a Semana Santa eu evitava ir à Igereja. É que ficava impressionado com aquela tristeza abissal, aqueles santos todos cobertos de roxo, e não olhava para o Senhor morto. De jeito nenhum. Nunca gostei de olhar para o Senhor morto na Igreja. O Jesus que gosto de ver é o Jesus vivo.
Tem mais: naquela época as rádios não tocavam músicas populares, só músicas que eram tocadas em anúncios fúnebres. Acho que é por isso que não gosto de ópera. Não se podia brincar, rir, muito menos namorar. Era preciso ficar triste a semana toda. Comer carne? Era pecado mortal. Mas pior era um casal sequer pensar em fazer sexo na Semana Santa, ia direto pras proundezas do inferno.
E, enfim, na Sexta-Feira Santa ninguém comia, a tristeza se acentuava na medida que se aproximava às três horas da tarde, hora da morte de Jesus. O chororô era geral. Tinha beato e beata que davam as famosas "bilôras" (pequenos desmaios), devido a fome junto com a emoção. Por fim havia a procissão do Senhor Morto. Depois todos se recolhiam, tristes mas já aceitando, embora fazendo pose de resistência, tomar uma sopinha leve. Havia falso moralista que além de vinho tomabva cerveja escondido. E iam todos dormir, alegres, esperando ansiosos o sábado da aleluia para voltar de vez à normalidade. Algumas comadres, logo depois dqa procissão já começavam a falar da vida alheia.
O sábado era de alegria, tiravam o roxo dos santos e escondiam o Senhor morto, as beatas voltavam a gargalhar das misérias dos outros, as moças e rapazes a namoras, as mulheres e os homens a fazer o etc e coisa e tal... Só havia um perigo que deixava alguns santarrões em pânico: o medo do padre não achar na missa a "Aleluia". Seria o fim do mundo, um tsunami gigante acabaria com tudo.
Hoje mudou tudo. A Semana Santa virou um feriadão, inclusive com festas de massa. Se antes havia aquela tristeza excessiva, agora avacalharam tudo. Não há mais a reverência à Semana Santa. Saiu do oito para o oitenta. É a modernidade.
Mas o que desejo nesta maltraçada é realçar a figura de Jesus. adoro aquele trecho em que ele entra montado num burrinho em Jerususalém. Sem segurança, sem pompa, sem grandeza, sem aquelas vestes ridículas e carass dos cardeais, sem nenhuma ostentação, apenas aplaudido pelos oprimidos. Era o Cristo do povo.
A outra cena que sempre me emociona é a que ele, presenciando a decisão de um grupo de fanáticos religiosos que ia apedrejar Madalena, grita enfático: "Aquele que não tiver pecado atire a primeira pedra!". Era o Cristo condenando a violência e a discriminação.
Há ainda a frase lapidar encontrada nos Evangelhos que ainda hoje é usada para advertir os avarentos e ricos sobre o perigo de se viver apenas em função do dinheiro: "É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus". Era o Cristo condenando a riqueza desmedida e a avareza.
Da mesma forma ele agiu quando indagado pelo jovem rico sobre o que deveria fazer para levar uma vida sem pecados: "Dá o que tens e segue-me!". Era o Cristo afirmando que a riqueza corrompe.
Inesquecível é a cena dele de chicote nas mãos expulsando os vendilhões do templo. Era o Cristyo que não comtemporizava com os sepulcos caiados.
Ele ainda se manifestou sobre a necessidade da pre3valência da alma sobre a riqueza quando fez a seguinte indagação: "De que vale ao homem conquistar todos os tesouros da terra e perder a sua alma?".
E insistiu nas virtudes da cidadania, ética, bons costumes: "O olho é a lâmbada do corpo. Se teu olho é bom, todo teu corpo se encherá de luz. Mas se ele é mau, todo teu corpo se encherá de escuridão. Se a luz que está em ti está apagada, imensa é a escuridão".
Cristo era um pregador que de fato desejava reformar o mundo e a sociedade, mas também no que tange ao espírito. Não se pode separar o Cristo reformador social do Cristo religioso. Os dois formam um todo único e indivísivel. Por isso sua filosofia perdura, independente do esforço que se faz para elitizá-lo, ação dos que vivem em templos e palácios cercados de mordomias, vestidos de reia e abusando da pompa e circunstâncvia, exceção feita ao papa Francisco. Esses não estçao seguindo os seus conselhos e filosofia de vida, mas procedendo como sepulcros caiados. Não há comonão lembrar o momento de aflição domundo devido à pobreza, guerras e fenômenos da natureza decrrentes da agressão do homem à natureza. Não estão pensando em Jesus.
Eu sei que sou um pecador, um mero livre pensador, mas adoro a história de Jesus e, acreditem, tento, dentro das minhas limitações, segui-la. Jesus é a figura que mais admiro e creio. Vou fechar este arremedo de crônica com uma citação Dele que não é muiro lembbrada mas que acho verdadeira e linda: "Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdiação e muitos são os que entram por ela". Viva Jesus Cristo. Feliz Páscoa.