DIA NACIONAL DO CIRCO (27.03)

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À George Savalla Gomes, o palhaço “Carequinha”.

O palhaço é uma pessoa humana que chora enquanto faz pessoas sorrirem nos picadeiros da vida e nos picadeiros dos circos. Circo sem palhaço, é um circo triste, com exceção do “Cirque du Solil”, que não possui palhaço ou animal em picadeiro.

Peço licença aos leitores para prestar homenagem ao senhor George Savalla Gomes, o “Carequinha”, nascido em uma família circense na cidade de Rio Bonito, no RJ, filho de Elisa Savalla e Lázaro Gomes, que literalmente nasceu no circo enquanto sua mãe fazia performance de trapézio, entrou em trabalho de parto em pleno picadeiro. Aos cinco anos de idade, o circo de sua família estava em apresentação na cidade mineira de Carangola.

Aos doze era palhaço oficial do Circo Ocidental, pertencente ao seu padrasto e em 1938, estreou como cantor na rádio Marynk Veiga, no RJ, no programa “Picolino” e foi o primeiro palhaço a ter um programa na TV Brasileira, que comandou por 16 anos, o “Circo Bombril”, mais tarde rebatizado como “Circo do Carequinha”, Nos anos 60, aos domingos, fez um programa na TV Piratini, em Porto Alegre. Segundo informa o site, o produtor do programa o abordara dizendo “os gaúchos conhecem o Carequinha devido ao programa do Rio de Janeiro transmitido em rede. Mas eles querem você ao vivo aqui no Rio Grande do Sul. Queremos fazer seus programas todos os domingos”, como registra o site Wikipédia.

De acordo com o site, George Savalla Gomes entrara em contato com um empresário chamado Nelson e depois de encerrado cada programa dominical, às 16 hs, visitava diversas cidades gaúchas, como Caxias do Sul, São Leopoldo, Uruguiana e até Rivera, no Uruguai, para apresentar seu circo até terça-feira, quando retornava ao Rio Grande do Sul. Aos sábados, apresentava o seu circo na TV Curitiba. De acordo com o site ai final dos programas anúncios como “alô garotada de Uruguaiana, Carequinha o seu circo estarão ai....” A trupe – Fred, Zumbi, Meio Quilo e cia – costumava se hospedar no antigo Hotel Majestic, hoje casa da Cultura Mário Quintana.

Não importa o que ele fez ou foi. O que importa é que minha infância e parte de minha adolescência foi marcada por músicas cantadas por “Carequinha”, em disco de vinil, na casa de minha madrinha Natércia Januário Calado, no Morro da Liberdade. Sentava sentado no sofá da sala, esperava aquecer as válvulas do aparelho de TV preto e branco para assistir à programação da TV Ajuricaba, com o índio, na tela, símbolo da emissora, ouvindo músicas programadas antes de a emissora começar a transmitir, apresentando geralmente filme em capítulos, um tipo de série, que empolgava a garotada porque sempre ao final havia sempre a pergunta: “será que o fulano vai se sair dessa?”.

“O bom menino não faz xixi na cama....”. Era a voz de “Carequinha”, no vinil tocando na vitrola Nivico, que não existe mais! Eu era um bom menino e gostaria de ver o documentário produzido em 1976 pelo cineastra Roberto Machado Júnior, sobre a vida do palhaço, que cantou e me encantou na infância de meus oito anos e parte de minha adolescência! Parece que a música tinha sido escrita e gravada para mim!

Não sei se foi George Savalla Gomes que faleceu em São Gonçalo aos 90 anos de idade e se foi o palhaço “Carequinha” que faleceu em sua casa, no Rio de Janeiro, nas tenho certeza que George Savalla se fundiu em “Carequinha” e os dois morreram juntos! Não foi sepultado com a cara pintada para “alegrar os mortos”, como costumava dizer. Esse seu último desejo não foi atendido pela família, mas permitiram ao menos que fosse sepultado com a roupa de palhaço. “Carequinha”, continuará a sua missão de alegrar os mortos, como me alegrou em vida!

Palhaço também é gente e chora para fazer pessoas rirem nos picadeiros da vida!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 28/03/2015
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