Um certo "7 de setembro".
Estava no colégio e tinha 16 anos, um adolescente todavia, meio cabeludinho (muito),como era a moda nos anos 70, calça boca de sino, e bem relacionado no meio, pois jogava de meio volante no time do colégio, o que fazia ser conhecido.
Era um ótimo aluno, havia tomado gosto pelos estudos, e criava minhas metas para alcançar boas notas, a minha fase ruim fora aos 13 e 14 anos, onde havia negligenciado bastante, mas a puberdade estava em outra etapa, já mais tranquila.
Certo dia , ao sair da sala de aula , a nossa professora de História, me chamou a parte, e disse; " Olhe José, o dia 7 de setembro se aproxima, e como você sabe, faremos a comemoração cívica da data, e gostaria que você preparasse um trabalho para ser apresentado no palco ". Gelei na hora, era muito tímido, e essa coisa de ficar no palco me dava um frio na barriga, e só de pensar as mãos já gelaram, e tentei até recusar, mas ela era muito bacana com a classe, e acabei concordando, não poderia lhe dizer "não".
Preparei uma entrevista com D.Pedro I, que seria o meu papel, e escolhi um dos amigos de time para ser o entrevistador, um daqueles que costumava ajudar nas lições de matemática, e que por isso não recusaria o meu pedido. E o famigerado dia acabou chegando, o salão estava cheio, haviam alunos de vários períodos, e as seções foram acontecendo, uma a uma, a minha fala seria a última, antes somente do hino final de encerramento, e imaginem a tensão...queria muito que aquilo acabasse logo, mas tambem queria que a nossa professora ficasse feliz, pois gostavamos muito dela.
Finalmente anunciaram o meu número, então respirei fundo atrás da cortina, e lá fomos nós, o salão lotado de alunos, pais e convidados fixaram seus olhares na minha direção, afinal naquele momento eu era o Imperador, e me saí muito bem, não esqueci a fala e a calma veio no segundo minuto como por encanto, firmei a voz, e a postura , e percebi pelos semblantes que estavam gostando de tudo, havia escrito uma entrevista cívica mas também descontraída, e isso havia agradado bastante.
Nem preciso dizer que o resto do ano me chamavam de D.Pedro, o que achava graça, e aquela apresentação me fez ser notado por alguém em especial, e que um dia lhe perguntei, se havia notado o meu nervosismo, e ela me disse que eu parecia muito à vontade, havia sido ótimo.