A BATALHA DE "EL CID"

A BATALHA DE "EL CID"

"A Política é uma panela / que 'inda

ninguém graduou (...) / muitos cachorros

num osso, / um pau com muitas formigas".

Um diz: -- "Eu quero é cozido"!

Diz outro: -- "Eu quero é assado"!

Outro mais: -- "Eu quero é cru"!

E um outro: -- "Eu quero é queimado"!

LEANDRO GOMES DE BARROS (2 trechos

do cordel "Guizados da Política - Panela que

muitos mexem", publicado no longínquo ano

de 1915, em Alagoas, acredite quem quiser.)

Este 18 de março de 2015 entrou para a História política deste malfadado país como o Dia da Verdade, momento inesquecível em que um Ministro da República subiu à tribuna para um pedido formal de desculpas e saiu dali como o herói que ousou dizer o que todo mundo pensa. Essa "tradição" centenária do "é dando que se recebe" transformou a maior parte dos políticos -- desde vereadores, em cada cidade -- em meros chantagistas, sob o argumento infantil (ou ladino) de que "estão defendendo os interesses do povo".

Não se sabe porquê (e nem quando) deputados e senadores passaram a ter mais importância do que prefeitos -- independente do tamanho da cidade -- ou até Governadores. Assim sendo, alguns parlamentares conseguem "carrear" verbas para projetos de seu interesse, enquanto a maioria sequer é recebida nos salões do palácio presidencial. Essa situação secular parece ter sido mudada recentemente com a tal "Lei" (mais uma?!) "do orçamento impositivo". Triste ´´e saber que a maior parcela dessas verbas irá para ONGs pouco confiáveis, geridas "na sombra" por políticos, por vezes os mesmos que apresentaram o projeto e o aprovaram.

Os políticos de Brasília (tão necessários)não votaram em 2014 -- com apenas 5 MESES de "trabalho" parlamentar -- o Orçamento da União de 2013, que requeria aprovação em 2012. Agora, com a Presidente precisando do apoio da "base aliada", eis que a tal "Situação" se comporta como se Oposição fosse.

No frigir dos ovos, o então Ministro da Educação, em conversa reservada, comentou que "400 ou 300 deles não passam de achacadores", até porque assim agem. O Céu, digo, a Câmara Federal "veio abaixo"... políticos que vão à Imprensa e nas TVs declarar que "só votam nisso e naquilo" se a Presidenta lhes "aquilo e isso" encheram-se de ira santa com a "definição" sincera do Ministro "que nem esquentou a cadeira", no dizer do populacho.

"Larguem o osso", repisou Cid Gomes à "cachorrada", ou melhor, aos deputados da "Coligação" petista, outro absurdo eleitoral, pois o votante que DETESTA alguns "partidecos" os vê "embarcar na canoa" do Partido de sua preferência, quando começa o 2º turno.

Mas, afinal, para quê servem 81 MIL POLÍTICOS ?! "Para criar leis e fiscalizar prefeitos e governadores", diria Rufino Almeida, justificando (?!) a existência dessas "inutilidades". Pois não fazem (corretamente, pelo menos) nenhuma das 2 coisas, na minha opinião. Então, para que precisam de 10, 20 ou até 40 assessores "de gabinete"... os famosos "aspones" dos tempos d'O Pasquim? Reciclando lixo achei 2 livros cujo conteúdo afirma que VOCÊ que me lê (eu, não, porque não voto desde 1990) É O PATRÃO dessa "caterva".

Triste patrão... os "empregados do Povo" se aumentam quando querem, comparecem quando bem entende, se dão 14 ou 15 salários e "patrões" como você ainda lhes quitam as despesas com gasolina, luz, telefone e, agora, com passagens de avião extras para o cônjuge e os filhos. E vem mais por aí...

Resumindo, MUITO SALÁRIO para pouco trabalho... fora as "mordomias". Em 2010 os deputados paraenses "se premiaram" com mais de 300 MIL REAIS extras, sob a sigla de um tal "COTÃO".

E são todos "fichas limpas", limpíssimas, mesmo "assaltando" os cofres da Nação -- desde antes de 1915, já denunciava o "rei do cordel" L. G. Barros -- não votando o que o povo quer ou precisa, fazendo parte de "bases aliadas" que NADA FISCALIZAM porque estão "na mão" de prefeitos ou governadores. Oportunistas ladinos, "pulam de galho em galho", digo, de um Partido para outro TRAINDO o voto dos que neles confiaram, passando por vezes para um Partido que é o OPOSTO do anterior, para espanto do eleitor atônito, desse país catatônico.

Mas, chega dessa conversa, Política (e políticos) me causam um certo mal-estar. Não sou tão ingênuo a ponto de ignorar que o ex-Ministro da Educação CID GOMES -- enquanto político "de carreira" -- pode ter cometido os êrros que agora aponta em seus "vizinhos" de profissão. Mesmo assim, seu momento de FRANQUEZA o tornou diferente dos demais... e vai pagar caro por isso. A batalha será terrível!

"EL CID Campeador" foi um rei ou general que comandou e venceu batalhas, durante as Cruzadas (de 1300 a 1500), contra sarracenos e maometanos. Só não sei se o personagem existiu realmente ou se é fruto de romance épico escrito séculos atrás. Cid Gomes recebe de mim homenagem singela, pelo seu gesto destemido.

"NATO" AZEVEDO (escritor e compositor) -- 21/março 2015

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VIVA "EL CID" !

Na Brasília lamacenta

surge um Cruzado sublime

que ao Povo triste redime

e -- à História -- se acrescenta.

Mas, CID GOMES não se ausenta

e, na batalha, se exprime.

Quem a Ética deprime,

êle co'a Verdade enfrenta.

Eis cidadão de coragem

que cansou da sacanagem

da Política infame.

-- "Por favor, toquem os sinos !

Larguem o osso, seus cretinos...

dele não há quem reclame"!

"NATO" AZEVEDO

(19 - 21 de março de 2015)