RIQUEZA DO NOSSO REGIONALISMO
RIQUEZA DO NOSSO REGIONALISMO
“Não se sabia onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no Pará. Errava quem quisesse encontrar nele algum regionalismo; Quaresma era antes de tudo brasileiro”. ( Afonso Henriques de Lima Barreto)
Regionalismo é o emprego de palavras ou expressões peculiares a determinadas regiões. Em literatura é a produção que focaliza especialmente usos, costumes, falares e tradições regionais.
O nosso país com toda sua amplitude consegue a proeza de falar uma língua única. As variações linguísticas são consequências da grande diversidade nos hábitos culturais, sociais, políticos, religiosos e artísticos, além das influências dos idiomas indígenas, africanos e europeus que tornam a nossa língua rica com essa diversidade pitoresca, quando o mesmo objeto ou alimento podem ser nomeados por palavras diferentes conforme a região.
Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo, tanto na fala quanto na escrita.
Aproveitamos para brincar com essa diversidade. É isto que enriquece o nosso regionalismo brasileiro.
Comecemos pelo pão, que é o campeão de denominações. Nas décadas de 60 e 70, na Bahia costumava-se pedir na padaria um pão cacetinho e uma vara de pão. No Rio de Janeiro e São Paulo era motivo de “chacota” falar dessa forma. No entanto, ainda hoje no Rio Grande do sul é pão cacetinho.
Assim, conforme a região o pão pode ser chamado de pão de sal ( Minas Gerais), pão francês ( Rio e São Paulo), pão aguado ( Paraíba), pão cacetinho ( Rio Grande do Sul), pão careca ( Pará), bengalinha, entre outros...
Pelo Brasil afora comemos macaxeira, aipim, mandioca, mandioca-doce, mandioca-mansa, que é o mesmo alimento com nomes diferentes.
Uma tiara, testeira, diadema, arco, travessa, coroa, travessa, gigolete é um acessório para se encaixar ao redor da cabeça com a finalidade de prender o cabelo, impedindo que ela caia sobre a face, ao tempo em que como adorno se apresenta das mais variadas formas.
Fruta muito comum e apreciada, em cada região do nosso país encontramos nas feiras e mercados com os nomes de tangerina, mexerica laranja- cravo, bergamota, mimosa.
Se um paulista conversar com um capixaba, um cearense, um piauiense, um catarinense e um maranhense vão ter dificuldade para se entenderem ao falar.
sobre um pequeno réptil mais conhecido como lagartixa. Eis os outros nomes dados: taruíra, briba, crocodilhinho de parede, víbora, labigó, osga.
Na decoração de uma festa infantil não pode faltar o balão, a bexiga, a bola de soprar que no final da festa a criançada se diverte bastante com o estourar, o pocar, o arrebentar, o espocar o mesmo objeto conhecido por nomes diferentes a depender da região e ou estado.
Abestada é a característica de uma pessoa boba, tola, lesa em alguns estados do nordeste.
Qual a fruta mais gostosa a pinha, a ata ou a frurta do conde? Todas têm o mesmo sabor, mas a sua denominação depende do lugar. Nas regiões sul e sudeste é conhecida como fruta- do conde, no nordeste e no distrito federal é chamada de pinha e em alguns estados do nordeste é também conhecida como ata.
Para finalizar esta brincadeira a própria palavra língua é usada em sentido figurado de várias formas e significados neste nosso Brasil: “língua de trapo”, “língua de palmo e meio”, “língua de peba”, “língua afiada”, “língua comprida” sem contar com os ditos populares : “língua que fala, corpo que fala”; “dar com a língua nos dentes” e, se não pararmos por aqui vai terminar na escrita de um livro...
Fontes consultadas:
CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F.Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 5°ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. 1ª ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
Em 10 de março de 2015
GSpínola