PARTIDARISMO POLÍTICO. RECONHECIMENTO DOS DESVIOS PRATICADOS.

Como posso pensar na parte e me excluir do todo se não vivo sozinho, mas em sociedade? Como defender uma realidade inegável visível pelo mais iletrado dos homens? É o “bastar-se a si mesmo”, sem precisar interação ou ajuda de outros homens ou de quaisquer outras realidades exteriores. Recusa às evidências absolutas. É a autarcia nos mais diferentes contextos, por vezes uma condição perfeita ou, então, a mais digna de ser desejada. Estaria no núcleo da divindade e do cosmos, como programa do Estado e como objetivo do indivíduo, em parte na vida exterior.

Ontem vi testemunho de pessoa que já combati em suas ideias, intelectual que respeito, integrante do partido do governo, respeitado nos meios acadêmicos, mas que divergi sempre, mesmo respeitando, por pretender associar religião à política. Criticava ontem fortemente o partido ao qual pertence, do governo, afirmando que os crimes cometidos precisam ser punidos.

As comunidades dos primeiros cristãos, não eram divisionárias de classes e exclusivamente propugnavam pela distribuição, conforme as necessidades de todos, do que ofertava a natureza, sem de modo algum restringir liberdades pessoais, até mesmo por seguirem os primeiros cristãos Aquele que pregou liberdade e livre escolha, Cristo. Este meu ponto de divergência com o filósofo, nessa angulação que sempre combati.

Foi e é religioso Leonardo Boff, estou certo que assim continua, embora afastado da clericalidade após o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Emérito Bento, então condutor da Congregação da Doutrina e da Fé no Vaticano, que em 1984, em razão de suas teses ligadas à Teologia da Libertação apresentadas no livro "Igreja: Carisma e Poder", e por essa razão ter respondido no Vaticano a processo disciplinar.

Leonardo Boff não é qualquer um sem estudo formal necessário, que fala sem conhecimento, é filósofo e escritor, teólogo, pessoa de visão intelectual ampla mesmo que se discorde de seus pontos de convencimento político.

Afirma taxativamente que é uma vergonha ao que se chegou partidariamente, o partido ao qual pertence, ouvi de sua dicção. “Mensalão” e “Petrolão” são, segundo seu entendimento, de necessárias e impositivas punições, excluindo-se da política partidária, da qual é integrante ativo, os que cometeram os crimes.

Existem outros “filósofos” no partido? Talvez, não conheço, porém, existindo, nenhum com o estofo do intelectual Leonardo Boff, seriam meros escrevinhadores que apedeutas gostam de ouvir. Filósofos que não sabem distinguir o certo do errado, o mais mínimo traço de sensibilidade, podem ser qualquer coisa, menos filósofos.

Ninguém é dono de verdade alguma, claríssimo, buscam-se realidades tangíveis, acessíveis, mas ninguém também deve ir além das realidades sociais visíveis, claras, formalizadas em órgãos institucionais, mesmo os menos preparados assim declarados ou verificado pelo que pensam e muito mal expressam, vergastando a comunicação feita por letras, os “bastantes a si mesmos”, onde a saciedade vai além da autarcia e esbarra no niilismo.

O bem que reserva convicções pessoais, arsenal de conceitos desde os gregos, máxima cultura da antiguidade, compreende conceitos de peso e virulência muito diferentes. Penso em algo, causa e efeito, meio e fim, quantidade e qualidade e afins, pares.

O que é e se formula com pacífica realidade passa a existir como verdade. Isso se chama verdade, reconhecida por Boff.

A palavra principal para vivência da felicidade, no grego antigo se nominava eudaimonia. Eudaimon, significa “feliz”.

Os antigos gregos assim consideravam ser feliz, eudaimonia, (eu) bem disposto; (daimon) que tem um poder divino.

Usufruir dos daimones – poderes divinos – é condição essencial para que alguém seja feliz, era um dom.

Felicidade humana, portanto, é conferida por uma força espiritual além do controle dos homens, premio que depende unicamente dos humores dos deuses, mas era débil, frágil, escapava facilmente diante dos contratempos próprios da vulnerabilidade humana.

A eudaimonia que alguns vivem enfrentando, contrariando a verdade absoluta traz uma contradição, é um dom, mas sua manutenção depende da vida que o feliz vive.

Ninguém é feliz vivendo da mentira, pois está em permanente agrura por querer viver no pântano pensando inaugurar as flores da primavera. Verdades unânimes são irrecusáveis. É uma eterna luta combater a verdade, acarreta o desconforto da aflição, da tortura da consciência, da devastação da alma, do naufrágio que nada socorre face à certeza, porém as luzes surgem para alguns, como para Leonardo Boff.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 22/03/2015
Reeditado em 17/04/2015
Código do texto: T5179176
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