A conta d'água no Brasil
Falar de água deixou de ser romântico, com tantos problemas envolvendo a falta e o excesso do "líquido da vida" no Brasil, atualmente.
Se, por um lado, falta água para beber e manter a higiene, por outro, as enchentes dos últimos dias matam sem dó nem piedade. Em ambos os casos, é evidente o desrespeito do homem quanto à natureza.
Lembro-me que, quando criança, ensinavam sobre o uso consciente da água e a possibilidade de [um dia] ela acabar. Tudo bem, já faz um tempinho, mas eu nunca pensei que minha filha, ainda bebê, seria alvo desse tipo de problema.
Na escola, fazíamos acrósticos para enaltecer a
Água, fonte da vida,
Galardão aos mortais do
Universo, que conscientemente
Agradecem aos Céus por ti
... e éramos ensinados que papel de balinha na rua corroboraria com a poluição que deixaria nossos irmãos desabrigados no inverno.
Crescidinhos, já não temos tempo para pensamentos bonitos e mensagens de apoio. Agora, a escassez me leva a contratar um encanador com urgência, para corrigir aquele pequeno vazamento que, aparentemente, só fazia diferença no meu próprio bolso (pois não era da conta de ninguém o valor das minhas contas) e a correr para as lojas de utilidades do lar para "conquistar" reservatórios plásticos, antes que os vizinhos comprem tudo. Os excessos, pelo menos, me fazem pensar dez vezes antes de adquirir um imóvel em um bairro supostamente bem localizado.
Não vencemos por completo a ignorância e o egocentrismo, mas o "dozinha" que sentíamos do próximo, na minha infância, virou a dor de todos nós agora, numa velocidade que não se esperava.
Neste Dia Mundial da Água, a razão sobrepõe ao sentimentalismo. Passou o tempo de lamentar, chegou o de racio[ci]nar, porque essa conta ficou para lá de cara.