SOCIEDADE DESCARTÁVEL
Somos seres que possuem história, os animais possuem natureza. O que nos difere dos animais é a capacidade de fazer escolhas. No entanto, a despeito disso, estamos, na maior parte das vezes, escolhendo errado.
Por que será?
A humanidade caminha avidamente para a barbárie, para a desumanização. Vivemos numa troca constante e superficial. Tudo em função do uso ou mau uso do outro, dos outros. Estamos cada vez mais cercados de pertences palpáveis enquanto o espírito está vazio de afetos. As pessoas estão sedentas de atenção e cuidados. Estão cada vez mais eróticas, erotizantes e pouco afetivas. Todos se jogam na volúpia e na lascívia, buscando prazer acreditando ser isso, felicidade. O prazer de amar está exposto no prazer de consumir pessoas e coisas. “Coisificar” o outro em nome do amor sem amar. Assim, depois de usados, tornamo-nos descartáveis. Somos trocados por novidades que surgem aos montes.
Há uma grande ferida no coração da humanidade. Buscamos amor e nos esquecemos que há uma distância abissal entre sentir prazer e se sentir amado.
Cada vez mais a sociedade produz coisas e pessoas descartáveis. Pessoas sem objetivos, sem afetos, sem sonhos edificantes... Desprovidos de sonhos, somos como cadáveres; corpo sem alma. Estamos cercados por cadáveres. Corpos absortos, consumidos pelo imediatismo alienante, por uma cultura midiática que escraviza. Para os mais fracos, os que não aguentam a pressão, a vida vira um fardo pesado demais para carregar; se acovardam e dão fim a ela. Uma tristeza...
Estamos circundados de pessoas quebradas emocionalmente no âmbito da existência.
De quem é a culpa?
Da cultura?
Da fragilidade humana?
Ou da nossa anuência a essa tal, “sociedade descartável”?
Hora de reciclar!!!
(Suerdes Viana em "Contos Soprados")