A BABILÔNIA, NOVELA DA GLOBO

Eu pensei em escrever a respeito das manifestações que alguns amigos estão fazendo, no Facebook, contra a novela Babilônia, produção das vinte e uma horas da Rede Globo de Televisão. Depois, desisti. Eu queria encontrar uma forma de me expressar sem que meus amigos se sentissem ofendidos. Eu não estava encontrando essa forma. Hoje, porém, ao ler o pensamento de um colega no Facebook sobre a posição de pessoas contra essa novela, eu resolvi me expressar também. Esse colega tem um pensamento parecido com o meu sobre esse assunto.

Deixo claro: eu não sou contra a posição dos meus amigos. Eles estão certos em se expressarem contra o que quer que seja. No entanto, é importante destacar isto: as novelas, ainda que sejam vistas como ficção, retratam a nossa realidade. Isso é fato. Os autores estudam as pessoas, fazem pesquisas, buscam informações, para poderem escrever suas novelas, ainda que, como diz a Globo, suas novelas “não tenham o compromisso com a realidade”.

É justo que as pessoas do bem se manifestem contra a destruição da família. E uma novela, se não for olhada com senso crítico, pode ajudar a destruir as famílias e a sociedade, assim como um filme pode fazer a mesma coisa. Entretanto, eu pergunto: será que as nossas famílias não são aquilo que as novelas mostram? Será que não temos, na nossa cidade ou sociedade, homens que se relacionam sexualmente com outros homens? Será que não temos, em nossa cidade ou sociedade, mulheres que se relacionam sexualmente com outras mulheres? Será que não temos mulheres que vivem traindo seus esposos com qualquer homem, ou esposos traindo suas companheiras com qualquer uma? Será que os prefeitos do Brasil, com exceções, não são parecidos com o prefeito de Babilônia, novela das vinte e uma horas?

Outra coisa: um dos objetivos das novelas é apresentar às pessoas aquilo que as pessoas querem ver, querem consumir. As músicas de hoje são feitas com o objetivo de vender. Eu pergunto: quais as músicas que são mais vendidas: as músicas de Valesca Popozuda, ou as músicas de Zé Ramalho? Quais dessas músicas os jovens brasileiros, na maioria, compram mais? Eu nem preciso responder. Por que isso acontece? Porque as músicas são feitas por Valesca Popozuda (imagino que ela seja compositora) e por muitos outros artistas com o objetivo de serem consumidas, e não com a intenção de transmitir um pensamento autônomo e independente, uma ideia, uma visão de mundo; com um objetivo cultural. Atualmente, quem quiser fazer sucesso no Brasil deve apresentar aquilo do que o povo gosta. O Big Brother Brasil é outro exemplo do que o Brasil gosta. Esses programas e essas novelas são aquilo que o povo está querendo consumir. Quase tudo é feito com o objetivo de ser consumido. Caso contrário, ninguém será famoso, nem ganhará dinheiro.

Por que o Big Brother Brasil ainda existe? Por causa da audiência. Na última sexta-feira, a produção do BBB tocou uma música da qual eu gosto muito: “Depois”, de Marisa Monte. Era um sobrinho meu quem estava assistindo. Eu estava no meu quarto estudando. Imediatamente, eu fui escutar essa música de perto: um casal, numa cama, no BBB, era acompanhado por essa linda canção. A música me atraiu. É isso o que a produção quer: atrair as pessoas. O programa não presta, mas a canção aqui citada é de boa qualidade. Até quem não assiste ao BBB cai na sua armadilha. Eu caí por um minuto. Eu amo uma boa música. Sou apaixonado por música.

A nossa sociedade não é perfeita. Eu não sou perfeito. Eu busco a perfeição. Por isso, não sou perfeito. Eu caio nas armadilhas desta sociedade. Eu sou fraco. Somos todos fracos. Eu caio, mas me levanto e sigo no meu caminho traçado por mim e por Deus: um caminho que evita o Big Brother Brasil; que evita o álcool; que evita o fumo; que evita as drogas; que evita os jogos; que evita a fofoca; que evita a prática do mal e procura praticar o bem; que busca a virtude; que busca a sabedoria. Eu não nego: eu não fico preso a novelas, mas também não me proíbo de assistir a uma novela, algumas vezes, sem ter de assistir todos os dias. Novela é também manifestação de talento, mas eu não faço o mal que a novela me apresenta. Uma novela pode nos ajudar a analisar a nossa sociedade e dizer a quem amamos que certos exemplos mostrados nas novelas não são dignos de serem seguidos, mas outros exemplos merecem ser reconhecidos como bons. Numa novela, encontramos o que quisermos, assim como encontramos o que quisermos na sociedade em que vivemos; encontramos o que quisermos na internet, tanto o bem quanto o mal. Nenhum mal é feito por uma novela, assim como nenhuma novela nos faz o bem. O bem e o mal são feitos pelos seres humanos.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 22/03/2015
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