CorruPTinho: Bebê De Dilma Pasadena Nasceu Barbado E De Joelhos
Disse a presidente que a corrupção é “uma senhora idosa”. É a afirmação mais autoexplicativa que dona dilma Pasadena emitiu. Talvez num momento de verdade e epifania autotutorial.
Essa verdade é mais abrangente. A senhora idosa mencionada pela presidente poderia ser a velha caravela que conduziu Cabral de Portugal ao Monte Pascoal. Sim, o navegador português olhou de longe para o que é hoje o município de Itamaraju, a 62 quilômetros de Porto Seguro. Cabral olhou, olhou bem, olhou mais. Interrogativamente balançou a cabeça da direita para a esquerda, da esquerda para a direita, assuntando a paisagem, enquanto estendia a mão em direção a Caminha.
Pero Vaz de Caminha passou a luneta para Cabral enquanto dizia:
— Cabral, essa terra não passa de um Monte.
— Um Monte, Caminha? Um Monte de quê?
— Um monte de terra, ora essa, querias que fosse o quê? Cabral, um Monte de merda?
E ficou Caminha como quem fica a falar sozinho. Cabral apurou os ouvidos a querer saber o que se passava na moringa do Escrivão-Mor de El Rey de Portugal. Regalou as orelhas rumo ao canto da Caravela onde Caminha parecia falar com seus botões:
— Antes não tivesse me aliviado nas coxas daquela peixota de prostíbulo! Maldita cortesã de clérigos. Putibunda fogueteira de marujo, soldadeira de festins, frieira de dedo mindinho.
— Mas que dizes, Caminha, estás a delirar? Andaste pegando excessiva quantidade solar desses trópicos?
O Escrivão da Frota aproveitou a fala de Cabral para o desabafo: “sinto-me achacado, Cabral, uma raparigota da gota serena, dessas moçoilas do Porto me passou esse esquentamento, inda hoje, depois de todo esse mundaréu d´água a macaca prossegue no grudado dos penduricalhos”.
— Por que isso agora? Inda não viste o médico da esquadra? Não falaste ainda com o doutor Seringa?
— Qual, que ele vai de meter arame quente no canal do xixi duas, três vezes. A fervura inda arde toda vez que desaguo de manhã, de tarde.
— Cateter na bexiga, e fervor se vai, Caminha. Não existe outro caminho. Pior é hemorróidas assadas no ferro quente.
— É, Cabral, não tem cu que aguente!
Dizem os pesquisadores do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, que Caminha escreveu a famosa carta ainda sob influência dessa irritadiça torração de saco. Escrita dentro das dependências da senhora idosa, ou seja, da nau capitânia de Cabral, a notória Caravela São Gabriel, lendária embarcação que serviu à descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama três anos antes.
O parágrafo ao qual a presidente Pasadena menciona foi reescrito um punhado de vezes, para que Caminha chegasse a excluir dele os palavrões com os quais xingava “ O Venturoso” rei D. Manuel I, primeiro rei a investir em colonização por expedições ultramarinas. Caminha caminhou o olhar pela vigésima vez no parágrafo e, depois de corrigi-lo ainda uma vez, escreveu ao “Venturoso”:
"E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro, o que Dela receberei em muita mercê. Beijo as mãos de Vossa Alteza" (Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500)”.
Caminha, olhou, olhou, leu, releu, e não achando nada de censurável no pedido de emprego para Jorge de Osório, genro dele e um grande pilantra, indivíduo dito de maus costumes, preso por assalto à mão armada e condenado ao degredo em direção à ilha de São Tomé, na África.
O meliante genro de Caminha, Jorge de Osório, fora autuado em flagrante e condenado pelas Ordenações Afonsinas (Código Afonsino) de 1446, promulgadas no reinado de Dom Afonso V. As Ordenações aplicavam o direito canônico e romano no Reino de Portugal em meados do século XV. Posteriormente, as Ordenações Manuelinas substituiriam sua função jurídica e judicial no Reino de Portugal.
Podemos verificar que, tantos séculos se passaram e os políticos subservientes aos poderosos do momento, os que fazem vergonhosamente a história do Brasil atual, continuam o beija-mão e o sabujar as realezas da corrupção. Vide o presidente Lulla Gullag a beijar, literalmente, a mão de Jader Barbalho, Sarney devidamente curvado e a beijar a Mão de Dilma Pasadena, Ciro Gomes fotografado a beijar a mão de Antônio Carlos Magalhães, e Lulla Gullag, de novo, outra vez de joelhos, rigorosamente de joelhos, frente ao bolivariano Hugo Chávez. Entre outros. Muitos outros.
Cortesãos e cortesãs do poder pelo poder na atualidade dos dias de hoje, em plena vigência da história da sociedade globalizada no século XXI, continuam a criar metáforas de vergonhosa subserviência aos coronéis e generais da política vigente, atualmente, no Palácio da Alvorada em Brasília.
No tempo do Palácio Ducal de Vila Viçosa, construção iniciada em 1501 pelo rei D. Manuel I de Portugal, aos tempos hodiernos do Palácio da Alvorada de Dilma Pasadena no Planalto Central do país, as metáforas do “Beijo as mãos de Vossa Alteza” (quando não “ajoelho-me frente a Vossa Alteza”) continuam a acontecer na realidade política de pra lamentares e governantes que se curvam vergonhosamente diante de representantes republicanos do poder pelo poder, mostrando que os reinados mudaram de nome, mas, no mérito, as ditas democracias republicanas continuam sendo “monarquias das zelites”. Vergonha!