Mensagens que edificam - 45

Se a vida pós morte é um tema polêmico e ao mesmo tempo numa discussão uma desejável premissa, fica evidente que o mais cético e o mais veemente ateu se rende à este anseio inerente à qualquer ser humano, que mal proceda ou faça justiça, independente do seu credo. Viver pra sempre é uma vontade que suplanta qualquer argumentação sobre esta possibilidade. Eu disse vontade, porque mesmo não crendo e refutando, lá no fundo de qualquer fundamentação que queira nos equivaler a meros viventes tais como plantas e animais, há um inevitável esteio que se manifesta nos primeiros momentos da vida expresso na intuitiva busca de um recém nascido pelo seio. Mesmo que ainda não fazendo uso da capacidade lógica e racional que ser-lhe-á manifesta, o homem no sentido mais generalizado da palavra não apenas busca, mas compreende a inevitável vontade especulativa de tentar descobrir o que se esconde por trás do véu da nebulosa existência. Ao longo da história e remontando as civilizações mais remotas, mitos, lendas e crendices compõem o arcabouço de toda a nossa atual mentalidade e, respaldada por explicações científicas ou não, nunca conseguiremos fugir desta cruel curiosidade que só pode ser desmistificada ou contada por quem já atravessou este emblemático portal. É neste instante que entra em cena a fé, direito concedido em parte como manifestação do próprio caráter humano, como também algo mais desenvolvido em tripés que compreendem conjunturas de ideias e interpretações de religiosidade apoiadas nos seus preceitos e conceitos, todos estes de igual modo, convencidos de que são a verdade absoluta. Mais do que uma saga, o descortinar deste véu é uma constante luta onde há quem simplesmente crê e onde há quem numa incessante permuta do conhecer disputa provar o improvável e resistir o aparente inviável. Seria mais prático se todas as provas fossem irrefutáveis e todos os originais não fossem cópias, mas o que fazer quando tudo que temos é produto da interferência interpretativa humana ou da inferência daquilo que alguém quis aplicar como fonte genuinamente divina? Ninguém é obrigado a aceitar, mas também ninguém é proibido de contestar e eu mesmo posso neste opúsculo me manifestar, mas suscito apenas a sua capacidade de crer e se contentar, ou continuar a pensar. Imortalidade: fé, utopia, facto real ou produto da nossa vontade?

Lael Santos
Enviado por Lael Santos em 22/03/2015
Reeditado em 22/03/2015
Código do texto: T5178669
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