ÁGUA EM 2050
Hoje é o Dia Mundial da Água. Pouco há que se comemorar; futuramente, algo haverá?
A data me recorda que, na modesta lavra de minha autoria e com encômio à natureza, há uma poesia entitulada ÁGUA; temo inevitável que no ano dois mil e cinquenta tenha de revisitar seus versos, originalmente concebidos no presente, com o fim de alterar o tempo verbal, colocando-o no passado, para que assim seja lida:
"Vinhas das nuvens
Em chuvas que caiam.
Na neve, alva e leve,
E no gelo também estavas.
Hidratavas e fertilizavas
O bem precioso,
A vida, que fluia.
Tinha sede de ti!
Saciavas os vales,
Irrigavas os dutos,
Lavavas as máculas
No límpido cristalino.
Estendias-te
Em lagos, mares
E vastidões oceânicas
Com doçura ou têmpera de sal.
Com veemente desejo,
Queria te absorver
Em vital infusão.
Davas-me-te sempre de beber!"
Tomadas observações em escala global, se não revertermos evidências atuais da progressiva escassez, a inferência leva a que a garantia de que a disponibilidade desse bem precioso se sustentará ao cabo das próximas décadas no planeta é tão frágil quanto a convicção da sobrevivência deste autor na face da Terra até lá.