Amor e sexo

Raramente temos tempo para o ócio. Hoje foi o meu dia de desocupação mental, não quis saber nada de nada. Nem ler jornal eu queria, até porque as notícias da semana; são praticamente as mesmas do domingo, salvo honrosas exceções. Acho que, por isso, meu Eu estava aberto para tudo que viesse pelo andar da carruagem. Assim comecei a prestar atenção no silêncio que a natureza me oferecia com tanta gentileza. Porém, percebi que alguém gostava da Rita Lee. Resolvi prestar atenção no que estava ouvindo para ter a certeza de qual era a música que estava sendo “degustada” com tanta bravura.

É interessante dizer que a letra da música em questão foi escrita por Arnaldo Jabor, a pensar por este prisma, muitos poderiam crer que seria uma baita de uma gozação, mas na verdade são versos para serem pensados e repensados todos os dias. Estou falando da música: Amor e sexo. Os versos que mais me tocam são os que dizem: “Amor é prosa/Sexo é poesia”. Para mim, só estes dois versos já seriam o bastante, já me daria por satisfeito, já poderia dizer que se trata de uma bela canção. Quando ele nos diz que amor é prosa, está nos dizendo que é preciso confabular na hora do rala e rola, conversar com o outro nas preliminares. Está nos dizendo que o amor não é bate-boca, mas que precisa ser trabalhado – construído degrau a degrau. Por outro lado ele diz que sexo é poesia. Está é uma bela verdade, pois a poesia é a busca da perfeição, do belo, é a escolha que queremos seguir. As palavras nesses momentos nem sempre fazem sentido, às vezes nem são entendidas e nem precisam ser.

No final do poema Jabor nos ensina a matemática dos deuses: “Amor é um – Sexo é dois”.

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 07/06/2007
Reeditado em 05/10/2017
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