O sujo falando do mal lavado
Opiniões divergem sobre um vídeo recentemente publicado na internet que foi gravado em uma aula da USP na qual jovens negros pedem a palavra e alunos brancos pedem seu direito de assistir à aula. Aí eu me pergunto... por que negros? Brancos? Pardos? Índios? Por quê?
Por que não podemos ser apenas gente? Sem uma classificação característica?
Essa história tem muita história por detrás da história e também por debaixo do tapete... por que se sentiria incomodado aquele que ocupa uma posição confortável? No meio da discussão ouve-se um "quando o oprimido fala, o opressor cala a boca", ouvindo isso traduzi "me escute, sinta a minha dor, viva o que vivi..."
Retirar o direito do outro de assistir aula para reivindicar seu direito de estar à aula não parece justo. Veja só.
Acredito que nós como seres humanos que dizemos ser, poderíamos aplicar diariamente uma gota de altruísmo aos "nossos" direitos, abrir espaço para o outro, para a dor do outro... é tão bom, tão prazeroso, às vezes perguntar "por que?" antes de decretar SIM ou NÃO! Tentar ao máximo se descobrir ao mesmo tempo ir descobrindo o outro e o que há de melhor nessa fusão de diferenças... o que de melhor podemos fazer juntos, com o auxílio do outro... eu queria mais transigência, com o outro, comigo mesma, com tudo o que acontece.
Pensando em tudo isso cresceu-me uma enorme vontade de escrever, e então saiu esta crônica... não vim da USP, muito menos de escolas particulares, mas cresci acreditando que a leitura liberta, salva e constrói.