CHÁ LAPONÊS
Em 2002 decidi voltar a bater uma bolinha eram 12 anos longe dela. Comecei fortalecendo a musculatura e assim pelo menos duas vezes eu subia a colina das Abertas dos Morros, semanalmente subia a colina Tapera, um pouco mais elevada e íngreme e quinzenalmente eu enfrentava de bicicleta as trilhas do maciço São Pedro, todos na na zona sul de Porto Alegre.
Pela frequência, a colina das Abertas propiciava encontros e descobertas mais frequentes. Uma das descobertas foram alguns exemplares de Amanita Muscária, concentrados num pequeno bosque de Pinus elliottii.
Era um final de tarde, do dia 16 de junho de 2002, frio intenso, eu fazia uma trilha, quando avistei-os, dois ou três já murchando, fotografei-os ao lado de minha arma de aproximadamente 20 cm de comprimento, quase o diâmetro do cogumelo maior. Duas semanas passadas eles já não existiam mais.
Assim foram nos anos seguintes, entre 10 e 30 de junho eles estavam lá, cada vez em maior número e invadindo os demais bosques.
No último ano que por lá passei foi em 2005, havia três cogumelos albinos, para cada sete vermelhos com pintas brancas. numa das trilhas passei por um bosque tomado de folhas secas que formavam um tapete bordô, caprichosamente decorado com centenas de cogumelos. Junto de algumas pedras estavam alguns jovens, acomodados sobre mantas coloridas e de mão em mão passava uma caneca.
Esgueirei-me pela pequena trilha e assim não pisei na ponta da manta, então um deles puxou um papo, fazendo referência ao frio,
dai perguntei sobre o chá e ele respondeu-me que era de cogumelo vermelho e até o nome ele me disse, não resisti e indaguei que efeito tinha sobre eles e todos responderam ao mesmo tempo, um monte de coisas, mas me lembro bem da resposta que marcou mais, ela dizia que eles viajavam, completei com uma brincadeira para que tomassem cuidado e não quebrassem as empresas aéreas com tais viagens e me afastei.
Depois pesquisando encontrei uma lenda que o chá de Amanita Muscária é responsável pelo voo das renas de Papai Noel na Lapônia.