UM JORNAL DIFERENTE
Devidamente agasalhada, alcanço a rua, são quatro quadras, até a estação do metrô, o vento gelado me faz companhia, e me convida a caminhar mais rápido, os termômetros marcam -2 graus, com sensação de -5. No calendário o inverno tem somente mais dois dias, pra existir, e a primavera deve estar no seu calcanhar, mas sem grande sucesso, pois a previsão para amanhã é de nevar.
Na estação, o trem chega dois minutos depois de mim.
Entro e escolho um lugar para me sentar, essa hora no meio do dia, ele está relativamente vazio.
A primeira parada, marca estação 49. Ao abrir as portas, uma senhora entra, traz na mão uma bengala, percebo que é cega. Ela senta-se à minha frente, e logo em seguida abre um livro que tira da bolsa. Leio o título e vejo que não é um livro, mas sim, um exemplar do jornal "New York Times", em formato especial para cegos.
A rapidez com que ela lê com os dedos, me impressiona, não consigo desviar os olhos, daquelas páginas em branco, repleta de saliências, e daquelas mãos que deslizam por elas, com tanta intimidade.
Em alguns trechos, ela sorri. Sem dúvida, lê alguma notícia bem humorada.
Ao obrservar aquele formato diferente de jornal, repleto de folhas brancas pontilhadas, sem uma palavra sequer, não pude deixar de me emocionar ao lembrar de Louis Braille, o criador do sistema de leitura para cegos, que recebeu o nome de Braille.
Reflito no universo de possibilidades que o método abriu, para quem não pode enxergar.
Na estação 34, a senhora desce com sua bengala, é também o meu destino, subo ao lado dela a escadaria do metrô que dá acesso a rua. Ali, a vejo desaparecer em meio a multidão de residentes e turistas que enchem aquele local.
Antes de entrar na loja que me trouxe até ali, penso em como há gente que de um limão faz uma saborosa limonada.
E com isso, passam a servir de exemplo para tantas outras pessoas, como foi o caso de Helen Keller. Acometida na infância de grave moléstia, ficou cega, surda e muda. Mas com uma perseverança imensa, graduou-se em filosofia, dominou além do idioma inglês, o francês, o latim e o alemão.
Enquanto caminho pela imensa loja de departamentos, lembro-me de um pensamento de Helen Keller:
"Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar".
(Imagem: Lenapena)
Devidamente agasalhada, alcanço a rua, são quatro quadras, até a estação do metrô, o vento gelado me faz companhia, e me convida a caminhar mais rápido, os termômetros marcam -2 graus, com sensação de -5. No calendário o inverno tem somente mais dois dias, pra existir, e a primavera deve estar no seu calcanhar, mas sem grande sucesso, pois a previsão para amanhã é de nevar.
Na estação, o trem chega dois minutos depois de mim.
Entro e escolho um lugar para me sentar, essa hora no meio do dia, ele está relativamente vazio.
A primeira parada, marca estação 49. Ao abrir as portas, uma senhora entra, traz na mão uma bengala, percebo que é cega. Ela senta-se à minha frente, e logo em seguida abre um livro que tira da bolsa. Leio o título e vejo que não é um livro, mas sim, um exemplar do jornal "New York Times", em formato especial para cegos.
A rapidez com que ela lê com os dedos, me impressiona, não consigo desviar os olhos, daquelas páginas em branco, repleta de saliências, e daquelas mãos que deslizam por elas, com tanta intimidade.
Em alguns trechos, ela sorri. Sem dúvida, lê alguma notícia bem humorada.
Ao obrservar aquele formato diferente de jornal, repleto de folhas brancas pontilhadas, sem uma palavra sequer, não pude deixar de me emocionar ao lembrar de Louis Braille, o criador do sistema de leitura para cegos, que recebeu o nome de Braille.
Reflito no universo de possibilidades que o método abriu, para quem não pode enxergar.
Na estação 34, a senhora desce com sua bengala, é também o meu destino, subo ao lado dela a escadaria do metrô que dá acesso a rua. Ali, a vejo desaparecer em meio a multidão de residentes e turistas que enchem aquele local.
Antes de entrar na loja que me trouxe até ali, penso em como há gente que de um limão faz uma saborosa limonada.
E com isso, passam a servir de exemplo para tantas outras pessoas, como foi o caso de Helen Keller. Acometida na infância de grave moléstia, ficou cega, surda e muda. Mas com uma perseverança imensa, graduou-se em filosofia, dominou além do idioma inglês, o francês, o latim e o alemão.
Enquanto caminho pela imensa loja de departamentos, lembro-me de um pensamento de Helen Keller:
"Nunca se deve engatinhar quando o impulso é voar".
(Imagem: Lenapena)