“Aquela Beatriz vai matar nós de raiva”
— Alô, cumade, Odete?
— É ocê, cumade Laza?
— Eu... tô ligando pra saber cumé que cê passou de ontem...
— Passei bem, graças a Deus!
— Pois é, ontem cê saiu correndo aqui de casa, pra assistir Babilônia...
— Tava em cima da hora, uai!
— Fiquei até com medo de ocê cair na rua, saiu na disparada...
— Ah, cumade Laza, é ruim perder o primeiro capítulo das novelas...
— Cê tá certa! Se a gente perde o primeiro, num entende o resto, né?
— Então, foi a conta d'eu chegar...
— Bem que eu chamei ocê pra assistir aqui em casa. Cê num quis...
— Deu tempo, cumade... Quando eu entrei a música de começar, tava começando...
— E que cê achou, cumade Odete?
— Da música?
— Que música, Sá! Da novela!
— Nó! Muito movimentada!
— Cê gostou?
— Cumade Laza, umas partes, pra ser sincera, achei exagero...
— Mas novela é assim, cumade. A gente num pode querer explicação pra tudo não!
— Ah, isso é! Um dia, o Miguel falou isso.
— Miguel? Que Miguel, cumade Odete?
— O Miguel Falabela, cumade Laza! Aquele ator...
— Ah! Quê que ele falou, mesmo?
—Falou que a gente tem mania de querer que em novela seja tudo explicadinho. Que não é assim, não!
— E ele tá certo, cumade! Vida real é outra coisa!
—Isso é, cumade, Laza. Na novela tudo é facinho...
— É mesmo. Cê já viu que em novela ninguém tranca a porta?
— Pois esse é um trem que eu reparo demais. Com esse mundo de ladrão que tem hoje em dia, magina!
— E o que cê não gostou em Babilônia, cumade?
— Ah, as pouca vergonha! Eu não gosto de pouca vergonha, cê sabe, cumade Laza!
— Pois eu agradei foi da Camila Pitanga. Já tô com dó dela, vai sofrer, aquela coitada!
— Eu também já vi isso! No primeiro dia já mataram o pai dela!
— Então! Agora vou te contar uma coisa, cumade, Odete!
— O quê, cumade?
— Aquela Beatriz vai matar nós de raiva! Escreve o que eu tô falando!
— Vai mesmo, cumade Laza!
— Pois é... Eu vivo falando! Não é à toa que eu nunca fui com a cara daquela tal de Glória Pires!
(inspirado no papo das duas "noveleiras" mais simpáticas que conheço rs...)