"FORA DILMA. INTERVENÇÃO MILITAR, JÁ". MAS PARA QUÊ?

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Dentre as inúmeras faixas usadas na marcha “Fora Dilma”, uma me chamou a atenção: “Fora Dilma! Intervenção Militar, já”. Fiquei me perguntando: para quê intervenção militar, se todos nós, eleitores ou não de Dilma, formamos uma sociedade coletiva e, como sociedade coletiva, somos responsáveis por tudo o que acontecer na construção do Edifício Democrático chamado Brasil? Se uma de suas vigas de fundação ruir, se ficar abalada por qualquer vício ou fragilidade de construção, custa menos recuperar o que foi feito de errado do que reconstruir tudo de novo. Se o prédio democrático desmoronar por qualquer motivo, causa ou razão, uma pessoa só não poderá ser responsabilizada ou punida, mas todos os que participaram de sua construção, incluindo nós, os eleitores que o erguemos frágil e sem possuir uma fundação sólida, incapaz de receber ajustes no que não ficou perfeito! O movimento “Vem pra rua”, contra a presidente Dilma Rousseff ocorreu sem incidentes, exceto por alguns “Carecas da Periferia” que foram presos e retirados da manifestação portando bombas, rojões, soco inglês e outros artefatos que seriam usados contra quem quer que fosse!

Os Ministros Ayres Brito, presidente do Supremo e o ex-presidente do STF, Carlos Veloso, garantirem que, como expressão democrática, qualquer cidadão pode gritar “Fora Dilma”, apresentar faixa pedindo a intervenção militar, já. Mas que isso não acontecerá porque até agora a presidente não cometera qualquer tipo de crime que possa enquadrá-la em processo de impeachment. Mas serviu para alertar quanto aos rumos que o Governo Dilma está seguindo, com a volta da inflação, economia travada, aposentados massacrados e tudo está ficando pior em termos econômicos; mas, felizmente, a área social, não! Como afirmei, a democracia é como se fosse prédio em construção e dependerá de cada um fazer boa fundação para ser erguido o edifício, tijolo por tijolo, coluna por coluna, até que possa ser erguidas as paredes. Só pode pedir intervenção militar, quem não viveu o período da ditadura e, se viveu, esqueceu que havia censura federal para tudo, até para reunião de Condomínio. O Regime Militar se dissesse que era impróprio, ficava proibido e sequer poderia existir uma manifestação democrática como o movimento “Fora Dilma”, seria reprimida com tanques nas ruas, bombas etc.

Como jornalista em A NOTÍCIA, no início da década de 80, vivi uma fase desse da censura e algumas obras literárias que escrevi foram proibidas e sequer eram devolvidos os originais, depois de censurados - outras me devolviam com observações que tinha que fazer e novamente encaminhar para nova apreciação. A censura só começou a melhorar no Governo João Figueiredo, que reconheceu o PT como partido político. Como jornalista também, escrevi sobre o julgamento do presidente do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, na Auditoria Militar do CMA seu presidente e presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, por homicídio cometido durante greve acontecida durante uma greve no então Território Federal do Acre, liderada por um braço do partido. Lula foi absolvido e eu escrevi sobre o julgamento. Todos os que foram às ruas defender o impeachment de Dilma, como membros da sociedade coletiva e eleitores, marcharam contra nós mesmos, ao contrário do que disse o Ministro-Chefe da Casa Civil, Miguel Rosseto, em entrevista ao lado do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Rosseto, disse que os que estiveram nas ruas protestando “os que não tinham votado em Dilma”. José Eduardo Cardozo prometera que dentro de pouco tempo o Governo enviará ao Congresso, um pacote ante corrupção, prometido em campanha, prometeu Por que demorou tanto? Só agora, quando o movimento apartidário voltou às ruas, criar uma “agenda positiva”, “se aproximar do povo” e governar para os 200 milhões de brasileiros. Não atendi o apelo do movimento “Vem pra Rua”, por problemas de saúde, mas não gostei do que o Governo fez, vetando o reajuste dos aposentados aprovado pela Câmara acima do que determinara e, às vésperas da derrubada do veto governamental, costurou um acordo para um reajuste, mas para o ano que vem, o que foi aceito. A marcha “Fora Dilma”, também significou: “fora eleitores que vendem votos”, porque os construtores do edifício democrático, foram corrompidos e deixaram alguma parte da obra com péssima fundação, porque acreditaram em mentiras de políticos a cargos majoritários que prometem e não cumprem depois e, embriagados pelas promessas de que o segundo governo de Dilma seria melhor que o segundo de Lula, dito por ele mesmo em campanha, talvez tenham relaxado na obra e deixaram o prédio tombar, mas ainda não caiu totalmente, permitindo que a democracia possa ser recuperada sem intervenção militar e não venha a desmoronar completamente.

O desconhecimento histórico do que foi a intervenção militar em 64 é tamanha que pediram nova intervenção militar, para substituir Dilma Rousseff, como se a presidente fosse a única culpada por tudo de ruim e o PT, também: o culpado somos todos nós, membros da sociedade ainda coletiva que está ficando cada vez mais departamentalizada, dividida e irritada com os rumos do Governo. Na verdade, o edifício democrático chamado Brasil não tombou, só estremeceu, mas ainda pode ser recuperado, como ocorre em prédios com estruturas frágeis e abaladas. Concluo a crônica usando um escabroso caso ocorrido em um hospital de Manaus, só como um exemplo de um dos efeitos que a corrupção causa à sociedade: “Eu estava na mesa da sala de cirurgia e o doutor disse que não tinha material me mandou para casa, depois ele foi remarcou para cinco meses de novo. Mais uma vez o mesmo processo, fiz exame, internou e voltei para casa”. Não se preocupe Diná Oliveira, o Brasil está lutando por você também, para que você não venha a passar por isso de novo.

Vamos esperar e ver o que ocorrerá nos próximos capítulos da novela Babilônia e nos passos que dará Governo Federal também para recuperar seu edifício tombado, prestes a cair. Mas não cairá!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 16/03/2015
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