MANIFESTAÇÕES

MANIFESTAÇÕES

Passadas as manifestações vamos a realidade.

Após 30 anos de nossa incipiente democratização, sim, incipiente, caiu a ditadura de fardas e subiu a ditadura dos

exploradores das massas ignaras, que servem a propósitos indecorosos. Tudo começa no embate entre o caçador de marajás e o apedeuta. Na época a mídia monopolista e o empresariado deram uma rasteira bem rasteira no metalúrgico e surgiu o belo collorido, logo apeado pelos mesmos que o tinham elegido, criando a farsa dos caras pintadas. Assume o vice, tido como um inexpressivo, mas o único que fez algo decente nesses novos tempos, o Plano Real. A seguir é eleito o sociólogo deslumbrado e surfa no sucesso do Real, mas nada faz para aprimorar as normas e as práticas políticas, a racionalização do estado perdulário e da vergonhosa previdência pública, a melhoria dos serviços públicos, a eliminação de castas, foros e privilégios de políticos e agentes estatais. É reeleito comprando votos de deputados e senadores para que fosse aprovada a emenda da reeleição e ainda artificialmente manipula o câmbio, segurando a cotação e seus desdobramentos, para após o pleito, emitir medidas de arrocho econômico.

Na esteira dessa barbeiragem e venda de biografia, perde a eleição para o metalúrgico apedeuta, que logo rende-se aos donos da bufunfa, patrocina um esquema de domínio partidário em instituições e empresas estatais e capitaneia um delito monstruoso apelidado de mensalão. É reeleito com a benção dos rentistas e dos bolsistas da miséria e, como nunca na história deste país, apodrece ainda mais as já combalidas instituições. Passa o governo para uma ex terrorista frustrada, que sem a miníma estatura para o exercício da presidência, mete os pés pelas mãos e desorganiza ainda mais a já extremamente desorganizada estrutura do estado, com medidas amadorísticas na condução da economia e da política. Cria programas eleitoreiros ( minha casa minha vida, pronatec, fies e outros ) sem lastreamento e planejamento adequados, e mente descaradamente para ser reeleita. Formas e reformas também não são feitas.

Assim os vícios do estado brasileiro continuam os mesmos de 30 anos atrás, ou, quem sabe, dos idos das capitanias.

Agora manifestantes de todos os calibres querem afastá-la da presidência, como se esse fosse todo o problema. O problema é institucional, as instituições do estado nas áreas que alicerçam uma nação estão emporcalhadas, a educação uma lástima, a segurança e a justiça uma vergonha, a saúde um caos. O afastamento da presidente não resolve nada, agrava-se o problema, ou ser governado por Temer, Renan ou Cunha, sem falar nos militares, resolve a difícil equação.

A sociedade brasileira tem que começar a praticar a cidadania, lutando fortemente pela educação de qualidade, por serviços públicos decorosos, por justiça cega, e isso começa em cada município pois a incompetência e a corrupção estão verticalizadas ( municípios, estados e federação ). É preciso dar forma a política, a economia, a justiça e isso só se consegue, se após a manifestação houver ação e postura de cidadão.

Enquanto não houver massa crítica consciente e educada, iremos empurrando com a barriga os problemas e nos aproximando do abismo em que jogaremos nossos netos e bisnetos; nós, já fomos jogados ao abismo e as traças. Salve-os se quiser e puder, ainda há tempo

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 15/03/2015
Reeditado em 16/03/2015
Código do texto: T5171418
Classificação de conteúdo: seguro