INTERROGAÇÕES

Tudo está se desmoronando. Estou começando a duvidar da importância dos valores éticos que os homens defendem. Fico me perguntando se os homens são conscientes dos valores éticos que eles defendem; se os homens são convictos do que fazem; se eles agem por certeza íntima ou apenas por imposição do meio no qual vivem; por uma imposição de seu meio social.

O que será que Deus quer nos dizer quando alguém da nossa confiança age exatamente contra tudo o que esse alguém sempre defendeu? Por que alguém da nossa confiança passa a fazer tudo o que ele sempre condenou nos outros? Por que alguém considerado virtuoso passa a agir como se fosse uma pessoa imatura, precipitada, superficial e como se não tivesse compromissos sociais, matrimoniais e comunitários?

Não estou fazendo uma reflexão baseada em suposições, mas em fatos, naquilo que todos podem ver. Não estou condenando ninguém. Eu jamais condenarei alguém. Pois eu sei que os seres humanos são falhos. Eu sou ser humano. Logo, eu, também, sou falho. O que me leva a questionar é o fato de alguém passar a agir contra todos seus valores mais caros. O que eu faço, neste momento, é refletir.

Fico me perguntando se podemos confiar nas pessoas que defendem valores éticos e morais. Fico me perguntando onde encontrar um homem que seja digno da nossa confiança; um homem irrepreensível.

Eu sei: os seres humanos somos falhos. Somos fracos e frágeis. Onde encontrar alguém que mereça a nossa confiança? Começo a duvidar de mim mesmo; de tudo o que eu defendo; de tudo o que já defendi. Começo a duvidar das minhas certezas; dos meus valores; dos meus conceitos; dos meus princípios; de tudo o que eu considero ser bom e belo. Pois eu sou um ser humano. Eu, também, erro, e muito. Talvez eu venha a cometer muitos erros que, hoje, eu considero reprováveis, condenáveis.

Talvez eu não seja o que eu digo ser, ainda que eu acredite na minha sinceridade e na minha transparência diante das pessoas e de mim mesmo. Talvez eu me engane a respeito de mim mesmo. Eu não sou melhor do que ninguém. Será que eu posso confiar em mim mesmo? Eu tenho de confiar em mim. Eu confio em mim.

Todos nós erramos, mas eu me refiro aos erros que são contra os princípios apregoados por nós mesmos. Todos cometemos erros. Em algum momento, ou em muitos momentos, somos grosseiros, incompreensivos, arrogantes, mentirosos, precipitados, imaturos, pois somos seres humanos. Mas eu me refiro, neste momento, àquilo que, segundo os nossos valores, é contra tudo o que prezamos. Eu me refiro àquilo que nos faz sentir envergonhados e inseguros diante de todas as pessoas. Eu me refiro ao fato de chegarmos a um momento na vida no qual não tenhamos mais credibilidade e segurança para falar sobre ética e moral. É a isso que eu me refiro.

O tempo arrasta tudo. O tempo é um grande mestre. Quem eu serei no futuro? Será que, algum dia, eu farei tudo o que eu reprovo hoje? Só Deus e o tempo saberão dizer e mostrar. Eu não sei.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 15/03/2015
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