EU ESTOU ERRADO

Defender um partido ou um político brasileiro na atual conjuntura política do Brasil é uma prova evidente de falta de amor-próprio, além de demonstrar outros traços dignos de reprovação. Defender um governo corrupto é uma atitude reprovável.

Eu não vejo nenhuma possibilidade de um Brasil onde as pessoas nunca mais depositem a sua confiança em um político que já roubou o povo. No Brasil, existe, infelizmente, esta falsa ética: rouba, mas faz.

No Brasil, ladrão de galinha vai parar na cadeia; ladrão do dinheiro público é visto como amigo dos pobres. Estamos indo a uma situação sem volta. Não vejo mais possibilidade de resgate da honestidade neste país. Há poucos dias, alguém muito próximo de mim reprovava a minha honestidade. Esse alguém me disse que eu estou errado por não aceitar certos acordos que, antes, eram malvistos e que, agora, poderão me trazer vantagem, dinheiro.

Aqueles que se dizem pessoas do bem estão em defesa de um governo corrupto e traidor. Com alguns programas sociais e com algumas outras estratégias, esse governo conseguiu o apoio de quem se diz do bem. Quem sabe ser político no Brasil sabe enganar o povo. As pessoas não defendem a verdade, mas um grupo. Cada pessoa quer fazer parte de um grupo, independentemente das qualidades morais desse grupo. Se uma pessoa faz parte de um partido, e se esse partido comete erros graves, se rouba o dinheiro público, os membros desse grupo político não reprovam as ações desse partido, mas saem em defesa da prevalência desse grupo no poder. O poder não está e nunca esteve identificado com o seu dono por direito, o povo, mas com grupos políticos.

As pessoas perderam a capacidade de se indignar diante das injustiças. As pessoas defendem interesses de um grupo, não a verdade. É claro que ainda há pessoas honestas e justas neste país. Não devemos generalizar.

Na política brasileira é assim: um político pode cometer os piores erros de um homem público; um político pode roubar, desde que ele consiga transferir ao povo uma ínfima parte que roubou e continua roubando desse mesmo povo.

Eu fico me perguntando onde estão os nossos valores mais caros; os nossos valores éticos e morais. Eu não confio mais no ser humano.

Eu me sinto como se não pertencesse ao planeta Terra. Será que eu sou de outro mundo? Pois eu não consigo me adaptar. É tão confortável ser normal. É tão cômodo participar de um grupo, ainda que esse grupo seja antiético. Na verdade, hoje, cada grupo constrói a sua ética e a sua moral. Eu tenho a necessidade de admitir: eu sou de outro mundo. Eu sou um ser muito estranho. Eu não consigo entrar na onda; eu não consigo entrar na moda. Por que fui me dedicar e me dedico tanto à Filosofia?

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 14/03/2015
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