REENCONTRO DE AMIGOS
São vinte horas ...
O dia passou rápido como um raio. Simão não teve tempo para colocar as ideias em ordem. Nem conseguiu fazer isso no intervalo do almoço. Encerra o expediente cansado. Despede-se dos colegas de repartição, sai as pressas. Oito longas horas afastado do lar. Como se estivesse programado, igual um robô, transitou pelas ruas movimentadas até o ponto de ônibus. Meia hora de espera. Enfim, para o coletivo, superlotado. Sem pensar no aperto, o que lhe fazia acostumado a essa situação, tomou o coletivo. Quarenta minutos de viagem. Em certo momento se deu conta que estava se aproximando de casa. Pisa um, empurra outro, sendo também empurrado, finalmente consegue descer do ônibus. “Ufa ! Finalmente consigo respirar um ar menos poluído”. Aquele ambiente mal cheiroso, sem ventilação fresca, ficava pra traz. Uma sensação de leveza pareceu-lhe haver acordado de um pesadelo. “Graças a Deus estou chegando”. Quatrocentos metros, apenas, o separava do seu abrigo e do aconchego da família. Caminhava a passos largos por que tinha pressa de chegar. De repente alguém, aos gritos chama o seu nome.
- Amigo, hoje você tá muito vexado ? Vem cá ! Preciso te contar uma.
Simão para. Consulta o relógio. E resolve atender Paulo. Aproxima-se, enquanto uma cadeira é arrastada vindo ao seu encontro.
- Sente-se por alguns minutos ! Garçom, por favor, traga mais uma cerveja bem gelada e um copo.
- Cara ! Não posso me demorar. Tenho de ajudar Ricardo na tarefa escolar que vai apresentar amanhã.
- Homem ! Deixa isso pra tua mulher ! Afinal de contas ela também tem obrigação de ajudar na educação dos teus filhos. Refresca a “cuca”. Você quer saber, tive um dia de cão hoje, por isso que estou aqui relaxando.
Esses dois amigos, sempre que se encontravam; como distração, contavam novas piadas um ao outro para alívio do estresse.
- Vou te contar a mais nova de Joãozinho que aprendi. “A professora escorrega e leva o maior tombo na sala de aula. Na queda, o seu vestido sobe-lhe até a cabeça. Levanta-se imediatamente, ajeita-se, e interroga os alunos: - Luisinho, o que você viu? - Seus joelhos, professora. - Uma semana de suspensão! E você, Carlinhos? - Suas coxas, professora. - Um mês de suspensão - E você, Joãozinho? Joãozinho pega os cadernos e vai saindo da sala: - Bom, galera, até o ano que vem...”.
Paulo, melhor que Simão, conta a piada com maestria. Imita a voz dos interrogados de forma a torná-la bem engraçada. Capricha na encenação como se estivesse num teatro. Olha para um lado e pro outro e quando percebe que as pessoas estão interessadas aumenta a voz. Enquanto está narrando sequer esboça um sorriso. E a plateia quase não para de rir. Depois alguém que está a sua frente grita “conta outra”. A essa altura chega o garçom com a bebida. Enche os dois copos
- Os senhores desejam mais alguma coisa. Tira gosto por exemplo ...
- Não. Obrigado. Só vou tomar essa pra sair.
Rapidamente os amigos bebem a cerveja. Quando terminam Simão põe a mão no bolso pra retirar o dinheiro e pagar a bebida.
- Êpa ! Pare por aí. Você, hoje, é meu convidado. Diz Paulo já tendo na mão o dinheiro da “gela”. Pagou a conta, depois se despede do amigo e juntos deixam a lanchonete de Salgadinho com destino as suas casas. No percurso de duzentos metros continuam juntos. Em dado momento Simão lembra a piada dá uma gargalhada.
- Quer dizer que Joãozinho viu tudo da professora !
Outra rizada.
Prosseguiram até a esquina da rua lugar onde tomam rumos diferentes.
- Até outra vista Paulo. Você está escalado para amanhã contar a piada.
- Até mais ver Simão. Bem ! Não sou tão bom quanto você nesse gênero mais aguarde. Farei o possível para não decepcioná-lo.