ENCONTRO COM DEUS.

Ninguém clama por Deus em festas ou alegrias, e poucos agradecem a paz e a tranquilidade espiritual em que possam viver.

Como encontrar Deus? Difícil encontrar o desconhecido, Quem ou Aquilo que se desconhece e dificilmente se conhecerá pelos veículos normais.

Há em recônditos credos deuses de cada um, multiplicados, deísmos, ou em altares e nichos intimistas, deuses teístas, monoteístas. E os há nessas duas dimensões, desde que o homem surgiu. Das florestas em seus âmagos aos deuses de pedra e tótens lá estavam as entidades em miríades ampliadas cintilantes, recebendo seus seguidores. Mas todos tinham uma referência única nesse encontro. O sofrimento.

O encontro para reverenciar, em ritos e celebrações é posterior ao achado.

Lucrécio, poeta romano célebre, indicava serem religiões e deuses criações humanas por temor da morte.

O sofrimento é causa e concausa da maior aproximação a Deus. É o refúgio do abrigo seguro que minimizaria dores, afago que consola na esperança de uma paz que erradique o transtorno, o desespero, a dor. É para a casa paterna que se dirige o filho quando nada mais lhe resta de consolação. O pai dá abrigo, reduto de certeza nas incertezas todas.

Cristo, no extremo de seu martírio, na agudeza indescritível do flagelo memorizado para a posteridade de forma marcante, para quem apelou? Para o Pai: “Pai, porque me abandonastes?” E quando o fez? No grau máximo de seu sofrimento, nos estertores da morte. Encontrou-se em definitivo com seu Pai, Abba,o Deus.

O encontro com o Deus de cada um tem essa peculiaridade, não há muita voluntariedade nesse abraço que chega na maioria das vezes no extremo da asfixia da razão que passa célere pela compreensão. É traumático e estranho esse desfecho que mesmo os agnósticos e ateus na derradeira passada, nos limites da razão que nada arrazoa de convicção plena, por impossível nas pegadas das buscas indefinidas, ocorre.

Lá está o sofrimento como paradigma no encontro com Deus. A história conta esses encontros, são difíceis, exaurem, esgotam, consomem, vencem a batalha de toda uma vida pela recusa do encontro ou pela negativa da aceitação. Seria o último suspiro da esperança de não ser uma vida vivida sem a pátina das cores entrelaçadas na química da espera, descolorida e ensombrada pela ausência de luz ainda que somente expectante de uma promessa.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 13/03/2015
Reeditado em 13/03/2015
Código do texto: T5168864
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