NOSTALGIA
Década de 60: Beatles, Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléia, Jerry Adriani e Wanderley Cardoso, Paulo Sérgio, Golden Boys... Tudo que era considerado bom era “uma brasa, mora?”. Chiques eram ter uma minissaia, meias “arrastão”, sapatos Chanel, blusa cacharel, Ban-Lon ou Bouclé. Quando estava fora de moda, a gente dizia que as coisas ou as pessoas eram “borés”.
Em Linhares, nós nos comportávamos durante toda semana para merecermos uma roupa nova para irmos às missas e termos direito a dar voltinhas na “pracinha do relógio”, sempre de braços dados com alguma amiga, sendo observadas e flertadas pelos rapazes que, de braços cruzados, assistiam ao nosso desfile.
Irmos ao Clube Juparanã para dançarmos ao som do conjunto “Os Inquietos” era uma glória suprema, pois nem sempre tínhamos permissão. Uma vez ali, o certo era dançar de rosto colado e traseiro afastado ou o Sr. Cristiano ralhava com o casal e mandava “desgrudar” Rs,rs,rs....
Além das domingueiras ou dos “arrasta pés” na casa de alguma amiga, nós nos divertíamos na lanchonete do Wilson ingerindo “vaca preta” e comendo um delicioso misto quente, após assistirmos a algum filme de faroeste no Cine Teatro Elda, o famoso “poeirinha”.
Recordo-me de que a avenida João Felipe Calmon tinha apenas uns 200 metros de calçamento, e de que as demais eram de chão batido, ótimas para corrermos, quando alguém, para nos assustar, gritava: “Lá vem Chico Boneco!!” Esse era um caboclo de quem toda a meninada morria de medo. Diziam que ele tinha um ferro nas mãos, e que se ele nos pegasse iria fazer não sei o quê com a gente... uns diziam que era linguiça, outros que era sabão!! Rs,rs,rs..
O sonho das moças bonitas era ser Rainha do Cacau ou Rainha da Madeira. A Ceplac organizava ótimas festas com direito a shows, baile, desfile e muito chocolate.
Na época, a BR-101 era barro e poeira ou barro e lama. Indo para escola em dias de chuva, tínhamos que ser artistas para pularmos poças de lama sem que os meninos sapecas vissem nossas calçolas no espelho d’água.
Como alunas do ginásio do Colégio Estadual, tínhamos de usar uma horrorosa saia de brim, na cor cáqui, com quatro preguinhas fêmeas na frente e uma prega macho atrás. A blusa de algodão azul celeste e botões pretos tinha um losango bordado nesta última cor, que era o escudo. O kichute completava a feiosa indumentária.
Sonhávamos com o dia em que seríamos iguais as meninas do curso Normal (Jaciara Elias, Leninha Costa, Josmari Araújo, Dalka Nascimento, Zilda Pandolfi, Conceição Calmon, Dulce Arrivabene, Felomena Calmon, Regina Arnal, Regina Massete, Aurinha Massete, Ormy Jovita...). O uniforme delas era lindo: saia azul-marinho e blusa branca de cambraia. Babávamos e copiávamos até o jeito de elas andarem.
Tínhamos orgulho da nossa escola, da banda, dos times, da nossa amada Diretora, Dona Joacyr Calmon, do bom humor do nosso inspetor, Sr. Olímpio Bezerra, e até dos vários “bonés” (“esporros”), que a saudosa coordenadora disciplinar, Maria, nos dava. Todos borrávamos de medo dela!!
Os meus saberes e ações são frutos não apenas dos valores transmitidos por minha família, mas também por tudo que aprendi com meus amados professores: Lucinha Bortolotti, Dona Arlêne Campos, Dona Antonieta Banhos Fernandes, Janir Araújo dos Santos, Octaviano Carvalho Calmon, Iracilda, Cecéu, Maria Consuelo Quitiba Lofêgo, Angelina Marchiori, Luzia Pandolfi, Elizabete Viana, Dona Joacyr Calmon, Acely, Maria Helena, Maria Lúcia Grossi Zunti, Maria Oneida, Dalmar Fundão, Dona Moema, Alvina, Tereza Lopes, Aninha Paraíso, Beth Paraíso, Detinha, Ruth Guerra, Vivildina, Arnóbio Calmon, Maria da Graça Vassalo Rocha (Nininha), Evaldo (Pereirinha), César Calmon (Nega César), Rogério (filho de Dona Hilda), Carlinhos Buffon, César Maia, Eliomar, Vital Alvarenga, Jacy Roque Pratti, Nilton Guerra, Amélia Buffon, irmã Maria, Alcides Moro, Eldo Vichi, Arcendino Teixeira de Moraes, Regina Massete, Zezé Dall’Orto, Terezinha Castelo, Ary Amorin, Dona Hilda e Juarez Araújo dos Santos.
Creio que escola, antes de ser um lugar, é um tempo inesquecível, quando educadores competentes ajudam a forjar nosso caráter, e nos deixam marcas indeléveis, das quais nos orgulhamos e prezamos a ponto de as reproduzirmos nos seres a quem nos cabe educar.
Hoje, os ídolos, os costumes, as modas, os mestres e os exemplos são outros. Quais serão as recordações da maior parte juventude atual no futuro? Quem serão os seus ídolos? Em quem eles se espelharão?
Não dá para saber ao certo, mas presume-se que haverá, além dos shorts esfarrapados, os "Bilus, bilus" e sofrências do cantor Pablo, e as pestes das muriçocas que "picaram com força" no carnaval de 2015. Contudo, o pior mesmo, certamente, será a recordação do péssimo exemplo legado pelas pessoas que estiveram envolvidas no maior escândalo da história política brasileira, descoberto pela Operação Lava Jato: o "petrolão"!! Desse, creio que NINGUÉM se recordará com nostalgia.