Carta Aberta à "Presidenta"
Carta aberta à “Presidenta”.
Senhora Dilma:
Desculpe a “intimidade” no tratamento, mas, já que em seu último discurso, usando com desculpa o dia Internacional da Mulher, a senhora procurou parecer íntima do povo brasileiro, como fosse a senhora uma pessoa comum, partícipe dos problemas e angústias do povo brasileiro, permito-me tratá-la como se um de nós a senhora fosse.
Não vou cair na armadilha comum de culpá-la por todas as mazelas amplamente divulgadas neste momento e das quais sei ser a senhora bastante conhecedora, mas, também não vou isentá-la da sua responsabilidade enquanto líder desta nação.
Tanto a senhora como seu antecessor, curvaram-se aos erros dos governos anteriores, apelando para discursos vazios e ações efêmeras no que diz respeito às reformas políticas e tributárias desejadas e exigidas pela sociedade como um todo. Como sempre, na da foi feito nesse sentido, e aparentemente, nada será feito nas próximas décadas, pois isso parece ir contra os interesses, nem sempre claros, da classe política deste país, seja lá de que partido forem os governantes.
Tanto eu, quanto aquela parcela da população que olha para o que se esconde trás das rusgas infantis entre os partidos políticos desta nação, já estamos fartos de ouvir trocas de acusações e ausência de ações efetivas no que diz respeito aos problemas crônicos que afetam a população desta Nação. Estamos fartos da prolixidade dos discursos e da morosidade das mudanças que, de há muito, se fazem necessárias para que possamos efetivamente avançar com ordem e progresso, como consta do lema em nossa bandeira nacional.
Permito-me externar minha repulsa pela conflagração das forças políticas que nada mais fazem do que defender a ferro e fogo o seu quinhão, em detrimento dos interesses do povo que, via de regras se deixa conduzir como gado ao matadouro, alheio aos meandros do poder e às pressões hediondas que culminam nessa baderna explícita em que se tornaram as relações socioeconômicas deste país.
Se eu fosse a senhora, parava de focar meus discursos na disputa partidária e usaria o espaço privilegiado na mídia para esclarecer, sem meias palavras, por exemplo, o porque de o país investir em hidroelétricas, gastando os recursos de nossos impostos, e isentando as companhias de energia dos investimentos necessários no setor. A bem da verdade, a impressão clara e explicita que me fica é que essa relação é semelhante a alguém construir um hotel, com toda Infraestrutura necessária, e depois repassá-lo, sem custos, a alguém que vá explorar o mesmo cobrando por diárias que nem sempre sejam utilizadas pelos clientes. Digo isso porque, mesmo que não utilizemos energia elétrica em nossas casas, o simples fato de a instalação ser feita implica no pagamento de uma taxa mínima, sobre a qual incide, inclusive, o tal sistema de bandeiras. O mesmo se dá com a conta de água.
Seria interessante, também, explicar como um país que alega ser autossuficiente na produção de petróleo, tenha passado décadas sem investir na construção de refinarias, o que nos faz vender óleo cru e importar gasolina e outros derivados, pelos quais pagamos valores muito mais alto que países que nem mesmo produzem petróleo.
E nem vou falar de saúde, educação e segurança pública.
Seria importante, também, mas não apenas, esclarecer esse sistema de Capitanias Hereditárias, que fazem com que algumas famílias se perpetuem no poder político nas várias instâncias governamentais deste País, criando novos ricos e milionários da noite para o dia.
Chega de pensar no custo político de tais atitudes, não precisamos de políticos neste país, ou, ao menos, não precisamos deste tipo de político que temos dirigindo e legislando em nosso Brasil e nas suas Unidades Federativas.
Precisamos, isto sim, de pessoas realmente comprometidas com o desenvolvimento sócio-humano-econômico de nossa nação.
Trocamos uma ditadura militar por uma ditadura legislativa e executiva que apenas contempla os interesses de algumas duzias de corruptores, corruptos e exploradores irresponsáveis, que nada mais fazem do que encherem os próprios bolsos, em detrimento do bem comum.
Senhora Dilma, o cavalo da história está passando pela sua frente, selado e adornado, cabe à senhora ser apenas mais uma, entre tantos maus políticos, ou montar no mesmo e cavalgar à frente, nessa batalha desde sempre adiada, em busca de uma sociedade mais justa e igualitária.
Chega de discursos, chega de promessas, chega de justificativas, queremos ver ação, citando as suas palavras: Doa a quem doer!
Não adianta criar slogans de uma “Pátria Educadora” quando nos negamos a educar, efetivamente, a população, rasgando as cortinas que escondem toda sorte de combinações secretas entre políticos de todos os partidos, megaempresários e outros setores menos produtivos de nossa sociedade.
Está mais do que na hora de abrir a caverna de Ali-babá.
Atenciosamente:
Jorge Linhaça.