Tropelias amatórias

Só mesmo Machado de Assis para ser desculpado. “Tropelias amatórias”? Sim. Brincadeiras de amor.

Não se diz mais, sob o risco de perder-se a namorada. Contudo, as brincadeiras de amor continuam as mesmas e só não sei dos amores, se perduram ou não. Caso estejam os leitores a “debicar” de minha crônica, digo que a essa zombaria respondo com palavras da mesma “prosápia”, já que estas, por serem de mesma família, deixarão o nosso seleto clube a andar “baldo ao naipe”. E assim, completamente nus da roupagem dos dicionários, quem sabe sintamo-nos livres de tão inóspita “canícula”? Então não é bárbaro este calor atmosférico?

Bem, mas falava eu de brincadeiras de amor. As brincadeiras, quer de crianças ou de maduros, evoluíram todas. Isto é, quase todas, já que não as de amor... Como não? Acaso tiveram nossos ascendentes regalias frente ao computador eletrônico com os seus respectivos acessos à rede global? Viam-se, à luz do dia, os enamorados em barganha de beijos no limiar do século XIX? E das cenas de sexo à beira do explícito em novelas e cinemas com franquia de assistência aos adolescentes contemporâneos nossos? Dos motéis, hoje, a lotarem suas excitantes e confortáveis suítes em pleno horário de almoço das repartições públicas ou privadas?...

À época, as brincadeiras de amor eram secretíssimas e jamais comungavam dos olhares alheios: beijavam-se, encharcavam-se, desnudavam-se, davam-se... Calma. É melhor deixar estas tropelias pra lá...

(*) As palavras entre aspas foram retiradas do texto “O Nascimento da Crônica”, de Machado de Assis, datado de 1 de novembro de 1877.