CARIDADE.

Paulo de Tarso, São Paulo, o ex-rabino judeu convertido por chamamento de luz, a quem se imputa e na realidade se deve na Terra o Triunfo de Cristo em termos de conhecimento de sua doutrina, ponto máximo do pensamento cristão, conclama a posteridade à caridade fraterna, respeitosa. Nada se pode excluir da irmandade que configura a humanidade.

Ser humanista “ à inteireza” é acima de tudo ficar em genuflexo à lição de Paulo haurida em Cristo, e repetindo com a "Carta aos Coríntios", (13:1,2):

”Se eu falar a língua dos homens e dos anjos e não tiver caridade(...) e se eu tiver o dom da profecia e conhecer todos os mistérios (.....) e se tiver toda a fé (....) e não tiver caridade, não sou nada”. Digamos, de nada valerá ser pessoa sem caridade no coração. A caridade caminha com a compreensão cristã.

É preciso compreender o alcance da caridade e quem dela necessita mergulhado em suas agruras para alcançar o caridoso e quem semeia caridade com sinceridade.

“É a sinceridade que coloca uma coroa sobre nossas vidas”, pontificava Confúcio da excelência de sua sabedoria.

Caridade não está nem no gesto solitário e sem publicidade de fazê-la, que envolve o mérito da intimidade, e muito menos na largueza da doação estendida e implantada no consciente coletivo.

Ela está na compreensão das frustrações dos sofridos, na realidade que se apresenta nua diante dos olhos, que espanca o destino da vida marcando sofridamente o que viu abater sobre si o desfecho da caminhada dura. Os complexados, rotineira e habitualmente invejosos, são os que mais necessitam de nossa caridade. Isso não descaracteriza um olhar sobre a parte, merecedora de nossa atenção, e que faz parte do todo. Muitos sofrem muito particularmente pelas imposições da vida, ninguém evita o inevitável.

Passamos momentos de sofrimentos multiplicados no Brasil. Alguns diriam que o mundo passa, responderíamos, sempre passou e passará, porém isso não retira a visão de quem sofre até mesmo pela perda do emprego, do teto, de suas esperanças, enfim da certeza que caminhava com segurança e a perdeu. Vi ontem reportagem de um séquito de desafortunados pelos desmandos e ocorrências do chamado "Petrolão".

Legiões de humanos precisam e esperam por solidariedade, um braço da caridade, cada um de uma forma.

Não devemos passar ao largo dessas necessidades humanas, omitindo nossa palavra ou ação, amanhã poderemos nós sermos o alvo cuja seta da caridade deve e pode atingir.

Quem não percebe os limites da inteligência humana não se preparou para a vida. É infeliz e não percebe. O preparo circunscrito às necessidades básicas vive muitas vezes entre a soberba, que pensa não ter, ao revés, e a vontade sempre irrealizada motivadora do orgulho inverdadeiro e sem lastro, que faz sofrer.

Muitos que ascendem em qualquer atividade ou status se mantêm em alturas que nunca estiveram, repito sempre. Ninguém cai de alturas em que nunca esteve, embora o soberbo, complexado como raiz, frustrado quase sempre, esteja em queda permanente por não possuir valores maiores. Não conhece a singeleza que pensa conhecer, faltam meios. E muitos que pensam conhecê-la nem mesmo seu aspecto filosófico compreendem.

A compreensão tem vários caminhos não socorrendo a todos seu conteúdo, a seiva de seu substrato, o durâmen da árvore forte, bem ao contrário, como a verdade que é uma só e não sofre grilhões de nenhum aprisionamento do espírito, e nunca estará na visão parcial, na irrealização de vontades, na inveja ou na frustração, pecados do “caput”, tenebrosos, difíceis de eviscerar, habitantes dos porões do "id".

É preciso ouvir São Paulo, ser sincero consigo mesmo e com os outros para que possa exercer a caridade verdadeira, ajudando a quem necessita e mostra seus infortúnios.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 11/03/2015
Reeditado em 11/03/2015
Código do texto: T5165958
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