PALAVRAS SÁBIAS
Laura amanhecera para mais um dos seus dias negros, vazios, chuvosos e solitários . Nada havia de especial... Nada estava previsto para um bom dia...
Nada e ninguém a aguardavam e nem boas esperanças a chamavam...
Mais um dia banal... vazio... sozinha... Mais um dia escuro!
Assim acordava Laura, bela mulher, culta , aposentada e, financeiramente, sem qualquer tipo de problema. Acordava assim: tão sozinha... tão vazia... tão...tão... tão sem nada para fazer... VAZIA!
Desta forma, Laura amanhecia mais um dia... Sentia-se vazia. Não sabia o que fazer naquele novo dia, que recebia do PAI, mas, agora, não servia para nada!
Desta vez, resolver andar pelas ruas, em total silêncio consigo mesma... Sequer olhava para o rosto de alguém, não sorria, não trocava uma única palavra com alguém... ‘Prá que falar com eles?’, pensava sempre. Não existia e nem existiria coisas boas e benéficas, para ouvir ou conversar com eles...
Vida banal, sozinha e, o pior, estava aposentada profissionalmente. Então, o que fazer do ‘resto de sua vida’. Vida que ainda possuía... Prá quê?!
Laura caminhava pesadamente, como se fosse uma criatura bastante idosa, carregando muitas culpas e os ‘nãos’ diários... e, nada para se fazer e se manter bem... Pensava sempre:’ que droga! Por que me sinto inútil, depois de concluir minha função perfeita de professora? Por que sinto cem anos, grande peso, nos meus ombros? O que ganhei depois de ensinar tantas criaturas a ler, escrever, e mais? Por quê?
Não valeu nada? Estou sozinha, sem amor, sem carinho...’
Este estado emocional de Laura, era tão forte, egocêntrico, que nada mais percebia, à sua volta. Caminhava solitariamente, apesar do parque estar superlotado de pessoas crianças e pequenos animais.
Era mais um final de semana suave, calmo, ensolarado e brilhante, para todos, exceto para Laura. Ela estava em mais um de seus ‘blackdays’ – vazio, frio, solitário, inútil... negro!
Laura, num momento de lucidez, olhou para frente e ficou admirada e confusa, pois uma pequena mulher vinha sorrindo em sua direção, como se tivesse o objetivo de conversar com ela... Ela parecia iluminada, leve e feliz! Aquilo aborreceu bastante seu coração aflito, pois ela sabia que não desejava e nem gostaria de bater ‘papo furado’ com ninguém. Então decidiu escapar daquela possibilidade de contato humano...
Minutos depois, sentada na grama do parque, olhou para a Ponte Azu e viu, pela segunda vez, a figura suave daquela mulher pequena, morena, cabelos longos e cacheados...
Laura pensou “ Nossa,vem em minha direção, sorrindo... brilhando!! O que desejaria de mim? Não quero conversar, droga!!"
O tempo parou, assim ela sentiu... Começou a ouvir aquela doce voz, que suavemente, recitava:
“Nas dificuldades do dia-a-dia, esqueça os contratempos e siga em frente, recordando que DEUS esculpiu em cada um de nós, a faculdade de resolver os nossos próprios problemas.
A vida é aquilo que você deseja diariamente. A renovação autêntica tem que começar em nós mesmos.
Você prepara o caminho de quaisquer ocorrências, pensando em torno delas.
A PALAVRA É A PORTA DE ENTRADA PARA SUAS REALIZAÇÕES. Carregar ressentimentos, será bloquear os seus próprios recursos.
Encolerizar-se é dinamitar o seu próprio trabalho.
Não sofra hoje pela neurose, que talvez lhe venha comprovar a compreensão e a resistência, em futuro remoto.
Os problemas existirão sempre ao redor de nós e, apesar de nós.
Despreze ofensas e desgostos, tribulações e sombras. Continue trabalhando quanto puder no bem de todos, recordando que o tópico mais importante de seu caminho, será sempre servir...” (André Luiz)
Aquelas gotas de LUZ e PAZ comoveram de forma inenarrável com palavras. Laura não conseguia vê-la mais, pois as lágrimas dominaram seus olhos. Ela via e sentia a LUZ daquela pequena mulher...
O tempo despertava lentamente e sua visão tornava-se perfeita novamente. O som adormecera...
Laura buscou a mulherluz e... nada! Nenhuma figura à sua frente... O Sol se escondia... O dia passara sem que ela percebesse tanta beleza!
Estava sozinha novamente, porém leve, feliz e plena, pois as doces palavras recebidas, ela entendeu, que foram presentes de DEUS... então disse em voz alta para si mesma, já que estava só:
- Obrigada PAI, por este lindo e divino dia, que recebi e sempre receberei do Senhor...
Laura caminhava, lenta e docemente, de volta para seu pequeno apartamento e com novos planos: ser feliz e ser uma voluntária para distribuir todo o conhecimento cultural como professora. Ela dizia para si mesma:
_ Graças ao Senhor, querido Pai, voltei a enxergar e sentir cada novo dia como Seu presente e eu voltarei a ser feliz por recebê-lo e dividi-lo com meus novos alunos...
Assim, Laura voltou a ser doce, suave e feliz...
Thera Lobo (março de 2015)