ESTRESSE HÍDRICO

Todo mundo sabe, e se não sabe sente, que o clima mudou.

Muitas são as causas, muitas são as hipóteses, muitas são as opiniões e as alternativas aventadas para o convívio da população com esta nova realidade.

Está claro que mais cedo ou mais tarde essas alterações fatalmente aconteceriam devido ao crescimento exponencial das populações humanas, demandando novas áreas para o cultivo ou produção de alimentos, habitação e mobilidade.

Além do corte sistemático das matas nativas há o efeito desses cortes sobre as espécies nas áreas remanescentes, cada vez menores, cada vez mais isoladas, que cientificamente são conhecidos como efeito de borda e monoespecificidade.

A produção industrial e o descarte ilegal dos seus rejeitos e efluentes associado ao esgoto doméstico in natura já contaminaram o solo, os rios e o lençol freático da maioria das regiões.

O crescimento desordenado das cidades e a impermeabilização do solo urbano pelo asfaltamento das ruas faz com que o aporte dos reservatórios naturais seja prejudicado durante o período chuvoso a cada ano menor.

Não existe, mas se existe não é respeitada, a lei de ocupação do solo e planejamento das cidades e as ações propostas pelos “técnicos de bureaux” são economicamente inviáveis.

Nas normas para edificações nunca foram levadas em conta a iluminação e ventilação naturais, a coleta de água pluvial e de reuso quer nas residências ou indústrias.

Agora com a escassez instalada vêm os “salvadores da pátria” com a ideia de tornar obrigatória a instalação desses equipamentos e dispositivos em todas as construções já existentes.

Onde é que a população espoliada por carga tributária escorchante e baixo salário vai buscar dinheiro para executar essas instalações?

Por que em vez das mega construções não se investe na construção pelos bairros, ou setores, de mini estações de tratamento de efluentes domésticos e industriais para reverter a carga poluidora dos rios tornando-os novamente aproveitáveis para o consumo humano, agrícola e industrial?

Por que não se investir em dessalinizadores para converter a água salgada do oceano, que é infinito, em água potável para recompor os níveis dos reservatórios, que são finitos?

Os holandeses desde sempre utilizaram as forças naturais para mover as máquinas simples com que eles “criaram” o próprio país, secando áreas alagadas, construindo canais e diques.

Se eles conseguiram com técnicas simples dos séculos XII, XIII e seguintes, as explicações para que não usemos as técnicas disponíveis neste século XXI devem estar atreladas à incompetência dos nossos técnicos, na ganância dos nossos empresários, na ignorância da população, na falta de visão estadista das nossas autoridades constituídas e na corrupção endêmica que permeia tudo isso.