Mulheres queimadas

Mulheres Queimadas.

(Crônica em homenagem ao dia internacional da mulher).

É 25/03/1911. O dia está claro em Nova Yorke, o sol brilha amarelo e forte no céu azulado. No entanto, o silêncio forte, que todos os dias tomava conta da grande Fábrica de tecido Cotto, era cortado. De longe, podia se ouvir apitos, gritos de vozes femininas se ver inúmeros cartazes em protesto ; cerca de 135 costureiras, que eram operárias da Cotto- largam, repentinamente, o trabalho. ( Estavam costurando um grande tecido lilás). E começam a chamar à atenção outras pessoas. Destacava-se pequena multidão de mulheres, vestidas exatamente iguais: sapatilhas pretas, saias longas e grandes blusas brancas, grande parte delas era de idade um tanto avançada. Elas dão uma pausa no barulho, para a líder Rosalia dá-lhes voz. Tudo agora está quieto, tanto que era possível ouvir o leve som da brisa que soprava além da voz de Rosali! - Escutem-me! Escutem-nos! Dissera em tom alto. Nós não aguentamos mais sermos humilhadas! Estamos cansadas de trabalhar 16h diárias e recebermos menos que ELES! QUEREMOS CONDIÇÕES HUMANAS! SOMOS MULHERES E NÃO CRIMINOSAS! NÃO NOS CALAREMOS, ESTAREMOS FIRME- Dizia isso fazendo as palavras soar como um grito e com lágrimas no rosto-ENQUANTO HOUVER SOL, HAVERÁ LUTA! ENQUANTO FORMOS EXPLORADAS NÃO NOS CALAREMOS! . E findou sua fala.

As demais mulheres a aplaudiam fortemente: umas com lágrimas nos rostos pelas verdades que havia nas palavras de Rosali, outras com um leve riso de esperança no rosto. O buralho tomou conta novamente do lugar. Agora mais forte. No entanto, o sr Diógenes, dono da Fábrica, assistia, furioso, a tudo, desde cedo já havia aclamado pela polícia. E esta chega com inúmeros homens. Entram, pelo portão da Fábrica, com fúria nos rostos e mandavam-nas calarem a boca. Algumas mulheres estão com medo, outras nervosas. Mas permaneciam firmes gritando por seus direitos. Violentamente, os homens avançam em direção à elas e- como já ordenado pelo dono da fábrica- agiram com truculência. Davam murros. Socos. Tapas. Puxões de cabelo nas mulheres, derrubando as mais rebeldes ao chão. Rosali apanha demasiadamente, a ponto de ter o rosto em sangue, e perder alguns dentes e fios de cabelo arrancados com violência. Elas, porém, não se rendiam... São então amarradas e lavadas, à força, para dentro da Fábrica. O clima de esperança se torna pesado e sombrio. Algumas lágrimas, que sentiam a morte, caiam no chão. Os policiais a envolveram com o grande tecido lilás que as operárias haviam parado de costurar, e friamente põe fogo nelas e saem ; deixando-as em chamas. Ao longe, se ouviam os gritos agudos das pobres costureiras, inclusive pelo sr Diógenes. O dia termina fechado, frio e com fumaças pelas ruas de Nova Yorke. A chama, porém, que ardia viva no coração daquelas mulheres, hoje está mais forte, a fim de que outras mulheres não precisem ser queimadas em vez de ouvidas.

WandresonRocha
Enviado por WandresonRocha em 08/03/2015
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